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Casos de H3N2 crescem em Minas e no Brasil

Mutação recebeu o nome de variante Darwin | Foto: CDC/Unsplash

Em meio à pandemia de COVID-19, um novo vírus chega ao país: o H3N2, variante da Influenza A, popularmente conhecida como gripe. Na primeira semana do ano, os casos da doença mais do que dobraram em Minas Gerais, quando o estado contabilizou um aumento de 107% nas ocorrências da patologia. Com o avanço das infecções, algumas regiões do país já declararam situação de epidemia. Onze estados já registram mortes pelo vírus, até o momento Minas não entrou para essa lista.

O infectologista Estevão Urbano explica que o vírus H3N2 já existe há algum tempo e que, inclusive, a vacina da gripe prevê proteção contra ele. “Acontece que, atualmente, circula no Brasil uma nova variante da doença, chamada de Darwin. Por isso, ainda não está comprovado se a vacina atua contra essa mutação que fez com que o vírus se diferencie do original. Contudo, a imunização continua sendo de extrema importância”.

Ele acrescenta que a transmissão da H3N2 é semelhante à do coronavírus. “A doença passa de uma pessoa para a outra por meio de gotículas infectadas que estão nas vias aéreas. Existe ainda a propagação indireta, que é quando alguém toca em uma superfície contaminada e, em seguida, leva as mãos ao nariz, olho ou boca”.

O pneumologista Leonardo Meire afirma que essa variante da gripe não tem diferença nenhuma entre as infecções respiratórias agudas. “Por isso, os sintomas são comuns como tosse, coriza, febre, dor no corpo, falta de energia e apetite. Não há nenhum dado clínico que seja capaz de separar esse vírus dos outros de natureza respiratória, principalmente, aqueles do grupo da Influenza. Portanto, é preciso considerar a nosologia, ou seja, a prevalência local para fazer a distinção e clarificar um pouco o diagnóstico”.

Os indícios causados por essa nova gripe se assemelham muito ao da COVID-19, por isso, segundo o especialista, apenas o teste vai revelar qual vírus o paciente está carregando. “É impossível diferenciar as duas doenças, porque, atualmente, existe uma prevalência de ambas no nosso meio. É preciso que o paciente faça o teste específico para cada vírus a fim de saber qual infecção está presente em seu organismo”.

Ele ressalta que não havia uma expectativa de contaminação por nenhuma Influenza nessa época do ano, pois não estamos num período onde se predomina infecções respiratórias. Contudo, o especialista reforça a importância de se proteger e, principalmente, de se vacinar, mesmo que o imunizante da gripe, por enquanto, não contemple a H3N2. “Essa é a maneira de assegurar nossa proteção individual e coletiva, impedindo sua propagação. O vírus é um microorganismo com alta capacidade furtiva, então é importante garantir a incapacidade dele se multiplicar e isso só é possível por meio da vacina”.

Lição aprendida pelo auxiliar administrativo Rogério Martinez, infectado com a H3N2. Por causa da pandemia, associou seus sintomas à COVID. “Fiquei apreensivo, pois tinha tido contato com alguns familiares, além das pessoas no trabalho. Fui ao médico e de imediato fizeram o teste do coranavírus que deu negativo. Então, o médico sugeriu que fizesse o da gripe e o exame constatou o vírus”.

Martinez foi orientado a ficar 5 dias isolado, o que para ele deveria ser seguido por todos os infectados. “Já estamos lidando com a COVID há tempo demais, não podemos deixar outro vírus chegar assim. É preciso se cuidar. Muita gente falou: ‘besteira, é só uma gripe!’, mas ele está matando muita gente. Não quero carregar essa culpa. Fiquei o tempo exigido isolado, quieto e me cuidando. Agora fico na torcida para que, tanto o H3N2, quanto a COVID, sumam logo”.

Atitudes como a de Martinez são, de fato, muito importantes para evitar a disseminação de uma nova doença. Urbano reforça que com dois vírus circulando dessa forma, mais uma crise sanitária se torna iminente. “Precisamos nos cuidar para evitar a saturação do sistema público de saúde. Com o aumento nos casos da gripe, somado aos de COVID, infelizmente, isso pode acontecer”.

Não para por aí

No dia 11 de janeiro, Belo Horizonte confirmou o primeiro caso de flurona, nome dado à contaminação dupla por COVID e gripe. Segundo a prefeitura da capital, o paciente é um homem de 60 anos e seu quadro clínico é considerado leve, sem necessidade de internação e com evolução para cura. O teste que detectou a flurona foi realizado em laboratório privado de BH. O nome é uma junção dos termos “flu” – gripe, em inglês – e “rona” – de coronavírus.