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Entenda o porquê mulheres tem refletido sobre os limites entre a estética e a saúde

A cirurgia para colocar silicone se popularizou nos anos 2000 e, atualmente, ainda é a mais procurada pelas mulheres no Brasil. Porém, o quadro vem mudando recentemente. Hoje, já existe um número que tem buscado pelo explante (retirada) das próteses. Um dos motivos é a doença do silicone, problema ainda pouco conhecido, mas que tem acendido o alerta sobre os limites da busca pelo corpo perfeito.

O cirurgião plástico e diretor do Departamento de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Alexandre Kataoka, explica que a causa da doença do silicone são adjuvantes que estimulam o sistema imunológico de pessoas já com predisposição ou às vezes até mesmo com doenças autoimunes. “Após o contato com o estímulo desencadeante (implantes mamários, vacinas, etc), pacientes geneticamente suscetíveis podem desenvolver uma resposta autoimune que leva ao início de sinais”.

O especialista ressalta ainda que a doença do silicone pode trazer fraqueza muscular, artralgia e/ou artrite, fadiga crônica, sono não repousante ou distúrbios do sono, além de manifestações neurológicas (especialmente associadas com desmielinização), alteração cognitiva, perda de memória, febre e boca seca.

Kataoka acrescenta que o implante de silicone é um procedimento extremamente seguro, com baixos índices de complicações. “É uma das cirurgias mais praticadas no Brasil e no mundo. Porém, toda pessoa que tenha o desejo de realizá-la deve pesquisar sobre o médico no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Todo procedimento (estético ou cirúrgico) oferece riscos e deve ser feito apenas por profissionais qualificados”.

Ele esclarece que ainda não há um exame ou teste que possa prever a patologia. “Se a mulher que já tem o silicone apresenta os sintomas, a cirurgia de explante é indicada, caso seja comprovada a doença na análise clínica”.

Explante

A advogada Beatriz Bonini optou por retirar suas próteses de silicone em 2019. Ela conta que sentia uma série de sintomas e que após uma pesquisa na internet viu que se assemelhavam a doença do silicone. “Vivia fadigada, desanimada e um pouco fraca. Achava que era uma indisposição até começar a ler sobre o assunto”.

Ela recorda que foi até seu cirurgião e, depois de uma análise detalhada, ficou decidido que remover as próteses seria o mais indicado. “Em todo caso, deixou de fazer sentido pra mim. Quando soube do problema e que algo que eu coloquei para seguir um padrão estava me fazendo tão mal, eu só quis me livrar”.

Segundo ela, a cirurgia foi tranquila. “Tive muita confiança no meu médico para colocar e também para retirar. Hoje me sinto muito melhor, a disposição voltou e é incrível comparar a Beatriz de agora com aquela que tinha silicone”.

O cirurgião plástico Victor Cutait comenta que o explante de silicone é feito, normalmente, na mesma incisão em que as próteses foram inseridas. “No momento de fazer a operação é necessário moldar a mama, já que ao ser retirada a prótese, ela pode ter um formato não muito harmônico. Na hora do procedimento é importante verificar se o corpo terá uma reestruturação natural ou se será necessário fazer uma mamoplastia junto com o explante. Nesse caso, pode-se usar enxerto de gordura”.

Cutait informa que toda cirurgia deve ser feita com cautela e responsabilidade. “Ela é simples e superficial, não envolve órgãos vitais, mas nem por isso deve ser menosprezada. Além disso, apenas pode ser realizada na pessoa cuja saúde esteja em condições plenas. Ela é bastante segura se esses pré-requisitos forem cumpridos”.

O especialista conclui dizendo que, atualmente, o mais importante na cirurgia de mama é atender a vontade da mulher e que não existe mais um padrão definido. “Há pacientes que querem a mama grande, outras que preferem pequenas. Porém, o mais importante de tudo isso é que ela esteja feliz com o seu corpo, se aceite e se ame”.