Sempre que um ano termina e outro se inicia somos bombardeados com as chamadas dietas detox. O argumento é que, devido ao excesso das festas de fim de ano, é necessário desintoxicar o corpo e, para isso, os métodos são muitos: dietas, jejuns, ingestão de apenas sucos e muitos tipos de chás. Mas, afinal esses métodos funcionam?
Para responder essa pergunta é essencial, primeiro, contextualizar que precisamos eliminar as toxinas que, eventualmente, ingerimos. E, apesar de alguns nutrientes auxiliarem nesse processo, o nosso corpo realiza a detoxificação, popularmente chamada de detox, naturalmente e o tempo todo.
Ingrid Silva, nutricionista de produção, explica como o processo ocorre. “Toda vez que temos contato com alguma substância tóxica, seja pela boca, intestino, ou mesmo por inalação, que vai para o pulmão, esses compostos vão parar no sangue. E, obrigatoriamente, passarão pelo fígado. Ele é um órgão central que recebe tudo o que passa pelo sangue e sabe o que é um nutriente importante ou o que é uma toxina. Quando o fígado reconhece algo potencialmente tóxico, ele faz um processo completo chamado de detoxificação hepática, ou seja, identifica a substância e, por meio de uma sequência de reações bioquímicas complexas que acontecem dentro das células do órgão, modifica a estrutura química da toxina. Uma vez feito isso, manda a impureza embora. Isso se dá pela urina, respiração, bile ou fezes”, completa.
Como explica Daniela Campi, nutricionista pós-graduada em nutrição funcional e ortomolecular, apesar de acontecer naturalmente, nosso organismo nem sempre tem os nutrientes necessários para realizar o detox da melhor forma. “O corpo humano realiza esse mecanismo por si só, mas, muitas vezes, deficiente de enzimas, vitaminas e minerais fundamentais para que os tecidos eliminem essas toxinas por meio das vias excretoras”, afirma.
De acordo com ela, são muitos os sintomas de um corpo saturado. “Fadiga, exaustão, distensão abdominal, digestão lenta, intestino preso, diarreia, gordura no fígado, azia, queimação no estômago, refluxo, dores de cabeça, dores articulares e musculares, ansiedade, insônia, irritabilidade, compulsão, TPM, alergias, intolerâncias, rinite, artrite, celulite, bronquite, diabetes, retenção líquida e alterações no apetite”, diz. Já as formas mais comuns de “intoxicar” o corpo são exposição a medicamentos, excesso de bebidas alcoólicas, outras drogas e alto consumo de industrializados, corantes e conservantes.
Segundo Daniela, para que essas toxinas sejam expulsas é necessário introduzir na alimentação os nutrientes certos para que elas se transformem em água e, só assim, sejam eliminadas. “Caso contrário, elas voltam para a circulação, se depositam nos tecidos, aumentando o volume da gordura, dificultando no emagrecimento e no equilíbrio orgânico”, esclarece.
E, basicamente, as formas de ajudar o corpo a detoxificar são a hidratação e a alimentação saudável. “Seguir uma dieta equilibrada, saudável, rica em alimentos naturais e, de preferência, orgânicos”, simplifica Ingrid. E, sim, apesar de não serem milagrosos, os chás podem ajudar na limpeza. “Alguns são excelentes, pois combatem os radicais livres e contribuem para a eliminação de toxinas. Podemos destacar o gengibre, hortelã, limão, hibisco, chá verde, dente-de-leão, erva cidreira, manjericão e cavalinha. Mas o uso deve sempre estar acompanhado por um profissional de saúde”, alerta Ingrid.
Ainda de acordo com ela, não é possível receitar um plano de detoxificação, pois é um processo individual que dependerá das deficiências encontradas. “O modo de eliminar algo ruim do nosso corpo exige várias etapas e, caso algumas delas não sejam feitas corretamente, os compostos se tornam ainda mais tóxicos, e se não houver nutrientes suficientes para completar o processo, se torna ainda mais danoso para o corpo, podendo em longo prazo estimular o desenvolvimento de câncer ou outras doenças inflamatórias. Por isso, ele deve ser realizado de forma particular e acompanhado por um profissional capacitado”, completa.