Que 2020 foi um ano muito difícil, todos já sabemos. A boa notícia é que ele está chegando ao fim. Algumas pessoas estão alimentando a esperança de que 2021 será melhor. A psicóloga Sandra Hott explica que é comum nos apegarmos aos rituais de passagem que são representados pela chegada de um novo período. “Esse momento sempre traz a ideia de renovação. A gente se prende a isso porque é uma ideia que representa nossos desejos mais íntimos de ter uma vida mais satisfatória e mais qualidade”.
Ela faz um alerta ao fato de muitas pessoas acharem que, com a chegada de 2021, a pandemia irá terminar. “Ela ainda está acontecendo. Temos uma segunda onda estabelecida em vários países. No Brasil os números de casos voltaram a subir”.
Sandra diz que muitos desejam superar 2020, mas que ainda não há uma fórmula mágica para isso. “A questão importante é usar tudo para refletir sobre o que vamos construir daqui para frente. Que sociedade iremos formar, que tipo de pessoa cada um será após ter vivido cara a cara, de modo mundial, com a vulnerabilidade da vida”.
Para ela, o que as pessoas mais desejam é que 2021 seja um ano menos sofrido. A especialista acrescenta que 2020 pode deixar muitas lições e que é essencial que aprendamos com tudo que foi vivenciado de bom ou ruim. “Esse é um caminho interessante para que os próximos anos possam ser melhores e mais consistentes. Isso se dá a partir do momento que observamos nossa trajetória de erros e acertos ao longo de todo o ano”.
A psicóloga indica a terapia para que as pessoas compreendam as lições deixadas nesse ano. “É importante falar sobre isso, redizer e reinterpretar. O analista irá fazer com que o indivíduo se ouça e compreenda seus medos, fortalezas e determinações”.
E cabe a nós, indivíduos, dentro de uma sociedade, fazer com que 2021 seja melhor. “Se cada sujeito for capaz de crescer um pouquinho e se tornar uma versão melhor que a sua anterior, teremos uma sociedade mais adequada às novidades. Um lugar em que possamos ser um pouco mais felizes”
Pouco mais felizes”. Para isso, o indicado é que cada um cuide de sua saúde mental. “É preciso tomar conta de suas angústias e desejos. Isso pode formar um coletivo mais saudável, um mundo onde ficaremos mais contentes em habitar”.
As grandes tragédias e desafios, além dos momentos traumáticos de 2020, podem servir para tirar a alegria, mas, segundo Sandra, também promovem a vitalidade. “E isso acontece quando o sujeito decide fazer do seu percurso um aprendizado ou algo que possa acrescentar a vida que queremos ter no futuro”.
A psicóloga conclui dizendo que no ano que vem, vamos levar tudo o que passou: cada experiência, por mais dolorida que seja. “É disso que se faz a vida. É esse o processo de caminhar, onde o percurso leva junto cada pedaço que foi dado no caminho”.