“Perdi o emprego pouco depois que começou a pandemia e não consegui uma recolocação no mercado. Para não ficar parado, tive a ideia de vender doces e bolos. O negócio tem dado certo e rendido bons frutos”, comenta o publicitário Diego Martins. Casos assim foram comuns durante o momento mais crítico da COVID-19, mas grande parte dos trabalhadores encontrou uma maneira de contornar a situação financeira. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), entre janeiro e setembro deste ano, o número de novos microempreendedores individuais (MEIs) soma 158.973, cerca de 15% superior ao registrado no mesmo período de 2019.
O que seria um pesadelo para muitos foi a mudança de vida que Diego esperava. “Fiquei 3 meses sem emprego, mas não perdi a esperança. Minha mãe é uma excelente cozinheira e faz sobremesas que são muito elogiadas. Como não tinha nada a perder, decidi me formalizar como MEI e desenvolver o negócio. Montei um cardápio, planilha de preços, defini as taxas de entrega e criei um perfil nas redes sociais”.
Ele conta que a propaganda foi feita apenas no boca a boca pelos amigos. “Na primeira semana que anunciei que estava vendendo tive uma boa procura. Sempre busquei atender todas as mensagens com carinho para conquistar o cliente. O que todos me dizem é que tenho bom preço e qualidade no produto. No quesito faturamento mensal, tenho recebido mais do que quando estava no meu outro emprego. O ganho mensal gira em torno de R$ 3 mil”, revela.
O superintendente do Sebrae Minas, Afonso Rocha, destaca que a quantidade de MEIs vem crescendo não apenas em Minas, mas em todo o Brasil. “Isso se deve à migração de empresas de grande porte para MEI, por conta dos impactos da crise e, também, pelo maior número de pessoas que ficaram desempregadas no período e buscaram uma nova fonte de trabalho e renda como microempreendedores”, explica.
As micro e pequenas empresas (MPE) sentiram mais os impactos da crise. Atualmente, o MEI já representa 61% dos pequenos negócios no estado. Somente em setembro, foram 21.671 novos registros, sendo 38% a mais que no mesmo mês do ano passado. “É um saldo recorde de formalizações este ano”, completa Rocha.
As atividades com o maiores números de formalizados em setembro são a de comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios, totalizando 88.287 registros. O saldo representa cerca de 14% a mais que no mesmo mês de 2019. “Por conta do fechamento das lojas físicas, vários empreendedores optaram pelo reenquadramento como MEI, para reduzir despesas com o pagamento de aluguel do ponto comercial e com tributos, já que o faturamento também despencou no período”.
Em segundo aparece o segmento de bares e outros locais especializados em servir bebidas, sem e com entretenimento. A atividade totalizou 29.610 registros em setembro, um aumento de 10% em relação ao mesmo mês do ano passado. “Esse crescimento pode ser explicado pela migração de empresas de micro e pequeno porte (MPE) para MEI, já que houve restrições para o funcionamento desse tipo de estabelecimento, que não se enquadra entre os serviços essenciais”, conclui.