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Em MG, 89% das micro e pequenas empresas são afetadas negativamente

O isolamento social, medida imposta por órgãos de saúde como uma das maneiras de evitar a disseminação do coronavírus, está causando prejuízos para o setor produtivo. Uma pesquisa realizada, entre os dias 27 de março e 1º de abril, pela Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas mostrou que 89% das micro e pequenas empresas do estado estão sendo negativamente afetadas pela crise.

O levantamento, que contou com a participação de mais de 500 empresas cadastradas no sistema, mostrou ainda que, apesar dos impactos da pandemia, sete em cada dez empreendimentos mantiveram suas atividades, ainda que parcialmente.

Felipe Brandão de Melo, gerente da unidade de inteligência empresarial do Sebrae Minas, diz que os efeitos variam de acordo com o setor de cada empresa e o modelo de relacionamento com os clientes. “Mas, de modo geral, com a redução da atividade econômica em função das medidas de isolamento social, a maior parte das empresas apresentou redução significativa nas vendas e, como grande parte delas possui pouco fôlego financeiro para sustentar custos fixos, acabam ficando em uma situação delicada para manter ou retomar suas operações”.

A pesquisa também revelou que, dos empreendimentos que estão parados, 72% estão com as atividades temporariamente suspensas devido ao decreto governamental. “Um efeito inevitável da pandemia será a retração da atividade econômica, o aumento do desemprego e, consequentemente, o fechamento de empresas. Ainda não é possível estimar o percentual de companhias que correm o risco de encerrar definitivamente as atividades, pois é necessário avaliar os resultados que as medidas governamentais emergenciais terão no alívio nos impactos imediatos sofridos pelas empresas. No entanto, constata-se que quase 90% delas já sentem efeitos diretos”.

Para tentar minimizar as implicações dessa crise, as medidas que mais serão adotadas são suspensão ou atraso no pagamento de impostos e a antecipação de férias ou feriados dos funcionários. “Cerca de 57% das empresas entrevistadas acreditam possuir capital para manter seus negócios em operação por até 3 meses. Esse tempo depende, evidentemente, do tipo de atividade, saúde financeira no momento anterior à crise e a velocidade e intensidade que as medidas de apoio governamental ou privado vão chegar às empresas durante o processo de enfrentamento da pandemia”.

Melo acredita que é necessário um alinhamento de ações entre todas as esferas governamentais. “O governo federal tem um importante papel neste momento, pois de lá devem surgir medidas de combate à crise que podem agir nos impactos por meio de políticas fiscais ou monetárias que afetam diretamente as empresas e as pessoas; ou indiretamente por meio de ações que possibilitem a atuação de estados e municípios nesse processo”.

Superando a crise

O gerente acredita que os empresários precisam, no primeiro momento, garantir a própria segurança, dos funcionários e clientes. “É importante conhecer as medidas impostas pelo governo em relação à sua atividade para evitar multas e complicações que podem dificultar o retorno às atividades. Caso seja possível, atender os clientes por meios digitais ou por entregas, através de uma logística e de meios de pagamentos seguros. Além disso, é fundamental a preservação das reservas financeiras e procurar canais de negociação de dívidas e contratos”.

A pesquisa aponta também que mais da metade dos entrevistados (53%) desempenham atividades que permitem o atendimento aos clientes de forma remota. Entre as principais dificuldades destacadas pelos empresários para o atendimento remoto estão a falta de estrutura logística para entrega (correios parados, transporte, mão de obra, etc) e de sistema de tecnologia adequado.

Além disso, os empresários participantes do estudo estimam que a economia brasileira leve cerca de 9 meses para se recuperar da crise. “O principal efeito esperado pós-corona será a retração da atividade econômica em todo o mundo, especialmente no Brasil que estava iniciando um processo de recuperação da crise anterior originada por fatores internos. Esse novo momento traz a atenção para novas formas de trabalho, novos modelos de se fazer negócio, novas necessidades de conhecimentos por parte dos empresários e, sobretudo, o desenvolvimento de novas políticas públicas. Como em todo momento de crise é importante ficar atento para compreender as dificuldades e identificar oportunidades”.

Para finalizar, Melo ressalta que esse cenário complicado traz algumas lições para os empresários. “Tudo aquilo que é considerado uma boa prática de gestão se faz ainda mais necessário em um momento como o que estamos vivendo. Dar visibilidade para a empresa, conhecer e manter contato com os clientes, ter bom relacionamento com fornecedores, sustentar a qualidade dos produtos e fazer uma boa gestão de caixa podem fazer a diferença entre manter ou fechar uma empresa. Infelizmente uma parcela razoável dos empresários ainda tem dificuldade com muito desses temas e estão correndo atrás para se desenvolver nessas práticas”, finaliza.


Quem são as micro e pequenas empresas?

Existem basicamente dois critérios que definem o porte de uma empresa. O primeiro é o faturamento anual, sendo que as microempresas faturam até R$ 360 mil e as pequenas empresas até R$ 4,8 milhões. O segundo critério é pela quantidade de funcionários. As microempresas devem ter até 9 empregados no setor de serviços e até 19 colaboradores na indústria. Enquanto que as pequenas empresas podem ter até 49 trabalhadores no setor de serviços e até 99 empregados na indústria.

As microempresas representam 93% das empresas em Minas Gerais e as pequenas 6% e, juntas, empregam aproximadamente 61% dos trabalhadores e pagam 48% do total de salários na economia estadual. No total, há aproximadamente 750 mil MPEs no estado que empregam cerca de 3 milhões de pessoas.