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Brasil perde 4,6 milhões de leitores em 4 anos

Dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil apontaram que, de 2015 a 2019, o país perdeu mais de 4,6 milhões de leitores. A porcentagem caiu de 58% para 52%. Os não leitores, que não leram nenhum livro nos últimos 5 anos, representam 48% da população, equivalente a cerca de 93 milhões de indivíduos.

A análise indica as maiores quedas no percentual de leitores entre as pessoas com ensino superior, passando de 82% em 2015 para 68% em 2019, e entre os mais ricos. Na classe A, o percentual caiu de 76% para 67%.

Os dados ainda apontam que o brasileiro lê, em média, 5 livros por ano, desses, 2,4 são lidos apenas em partes e 2,5, inteiros. A Bíblia é o mais consumido por aqui. O estudo mostra que 82% dos leitores gostariam de ter lido mais. Metade deles não fez isso por falta de tempo. Entre os não leitores, 34% apontaram falta de tempo e 28% disseram não ler por não gostar.

A pesquisa mostrou também diversas dificuldades de leitura. Entre as pessoas entrevistadas para análise, 4% revelaram não saber ler, outros 19% afirmaram ler muito devagar; 13% alegaram não ter concentração o suficiente e 9% não compreende a maior parte do que lê.

Outro dado que chamou a atenção é o aumento do uso da internet e WhatsApp entre os leitores e não leitores. Segundo a pesquisa, em 2015, ao todo, 47% das pessoas afirmaram usar a web no tempo livre. Esse percentual aumentou para 66%. Já o uso do WhatsApp passou de 43% para 62%.

Para a pedagoga Vanessa Araújo, o uso de eletrônicos e semelhantes é, de fato, um agravante para a queda nos índices de leitura do país. “Aplicativo de mensagem instantânea, o surgimento dos streamings e outros são fatores que acabam por ocupar o tempo que seria destinado à leitura. Infelizmente as pessoas estão trocando as páginas por telas”.

Segundo ela, apesar da taxa de analfabetismo ter caído no Brasil ao longo dos anos e a tecnologia ter favorecido o acesso à informação e até mesmo à leitura, há fatores como a procrastinação e o mau uso do tempo que podem contribuir com a falta de interesse ou de investimento na leitura. “O preço dos livros também é um dificultador. A leitura é ainda um hábito que pode ser repassado de geração para geração, mas, muitas vezes, os pais não a praticam, assim fica difícil despertar esse desejo nos filhos”.

Vanessa aponta que uma pessoa que tem consolidado o hábito da leitura, consegue transitar bem em qualquer grupo social. “Além de adquirir conhecimentos que os livros possibilitam, ela se torna bem informada, capaz de se posicionar e criticar sobre variados assuntos”.

A mestre em ciências e especialista em pedagogia Adriana Fóz explica que a leitura faz bem, inclusive, para nossa saúde. “O leitor tem menos problemas cerebrais, diminui as chances de ter um AVC e de adquirir demências como Alzheimer e Parkinson. Ele ainda é capaz de se recuperar de problemas cerebrais”.

Ela acrescenta que o ideal é que esse hábito seja iniciado ainda na infância. “Tudo o que a gente faz desde criança, a gente tem maior destreza, habilidade e competência. Comece com textos curtos e de interesse pessoal e busque autores e escritores competentes, pois eles escrevem bem e fazem mágica acontecer em nossa mente”.