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70% dos casos de câncer no intestino podem ser evitados com colonoscopia

O mês de setembro é marcado por várias datas do calendário da saúde. Além da campanha de prevenção ao suicídio e o incentivo à doação de órgãos, também é o período escolhido pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) para conscientização do diagnóstico precoce do câncer no intestino, também chamado de colorretal. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), este é o segundo tipo mais comum entre homens e mulheres. Entretanto, cerca de 70% dos casos poderiam ser evitados com prevenção e exames precoces e 90% de chance de cura em pacientes diagnosticados na fase inicial, segundo o médico endoscopista Luiz Alberti.

O intestino é um órgão que faz parte do sistema digestório. Em formato de tubo, ele se estende do final do estômago até o ânus. É por meio dele que o organismo absorve água e nutrientes e promove a eliminação de resíduos e toxinas pelas fezes. Como explica Alberti, existem diferenças entre o câncer no intestino grosso e delgado. “A doença é rara nessa última região, por isso não é investigado na rotina e não se indica realização de exame para prevenção. Ao contrário do câncer do intestino grosso, que tem sua incidência maior, aumentando cada vez mais e existe uma vasta literatura comprovando a importância dos programas de prevenção”, alerta.

Estimativas do INCA apontam que, só em 2020, 40.990 mil novos casos de câncer no intestino foram detectados, sendo 20.520 em homens e 20.470 em mulheres. O número de mortes devido à doença, em 2018, foi de 19.603 brasileiros, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer.

De acordo com o INCA, os sintomas mais frequentes são: sangue nas fezes; alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados); dor ou desconforto abdominal; fraqueza e anemia; perda de peso sem causa aparente, alteração na forma das fezes (aparência fina e comprida) e tumor abdominal. Porém, esses sinais também estão presentes em problemas como hemorroidas, verminose, úlcera gástrica e outros e, por isso, devem ser investigados por um especialista.

Idade a partir dos 50 anos, excesso de peso corporal e uma alimentação pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras, consumo de carnes processadas, como salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, salame e outros; e a ingestão excessiva de carne vermelha (acima de 500g por semana) são considerados fatores que aumentam o risco para este tipo de câncer. Outros agentes relacionados à maior chance de desenvolvimento da doença são histórico familiar de cânceres de intestino, ovário, útero ou mama, além de tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas.

Após avaliação médica, Bruno Sander, cirurgião endoscopista e especialista em gastroenterologia, esclarece que, geralmente, o primeiro exame é a colonoscopia. “Ele serve para identificar qualquer alteração mínima na região. Assim, conseguimos perceber desde problemas simples, até os mais graves em estágio inicial. Além disso, com tratamentos cada vez mais modernos, a chance de obter sucesso é bem maior. Por isso, a pessoa não deve hesitar em buscar auxílio profissional em caso de dúvida”, aconselha.

O tratamento depende da fase da doença. Quanto mais precoce o diagnóstico, mais simples ele será, podendo acontecer apenas por uma intervenção colonoscópica. “O procedimento consiste na cirurgia para retirar aquele segmento acometido e, em casos específicos, associado à quimioterapia e radioterapia. O câncer já é a manifestação de um mal que poderia ter sido evitado em cerca de 70% dos casos se programas de rastreamento com colonoscopia fossem realizados. Durante o exame, o endoscopista pode retirar pólipos, que são fatores precursores para o desenvolvimento do câncer”, esclarece Alberti.