Atualmente, nada é mais aguardado do que uma vacina para combater o coronavírus. Em meio ao caos que a crise sanitária segue criando em todo o mundo, os olhos da população estão voltados para os estudos mais avançados que, diariamente, trazem esperança de que este pesadelo global está chegando ao fim.
Duas vacinas já estão na fase de aprovação, que é quando são liberadas para uso limitado e antecipado. E outras 4 estão na fase III de testes, que é quando voluntários recebem a imunização em larga escala para comprovar sua eficácia. (Confira detalhes nos boxes explicativos).
Mas será que a vacina é a solução para vencermos a pandemia de COVID-19? Para esclarecer o tema, o Edição do Brasil conversou com a infectologista e especialista em bioestatística em saúde pública, Ana Helena Figueiredo.
Uma vacina para o novo coronavírus é o que o mundo precisa para conter a pandemia?
A vacina para a COVID é extremamente relevante porque, além do número elevado de casos, sabemos que essa é uma doença altamente transmissível e que pode levar à reinfecção. Com o imunizante, há a possibilidade de reduzir a sua disseminação não apenas a nível nacional, mas, sobretudo, global.
Em sua opinião, teremos uma vacina ainda em 2020?
Acredito que os testes devam terminar até o final de 2020 e teremos uma resposta dos estudos. Porém, a imunização em massa deve acontecer somente ano que vem. De todas as vacinas que estão sendo examinadas a com maior probabilidade de ser finalizada e disponibilizada para a população brasileira é a que está sendo testada em parceria com o Instituto Butantan.
Após uma suspeita de “reação adversa séria” em um participante, a vacina de Oxford teve seu estudo pausado e retomado dias depois. Isso significa que estamos mais distantes de um possível imunizante?
Não. Essa é uma prática comum e a pausa demonstra o quanto a pesquisa está sendo bem feita e é séria. Um estudo científico serve para analisar os efeitos colaterais, entender se foi causado pela vacina, se teve algum fator exclusivo do paciente que tenha influenciado para desenvolver essa reação, analisar o que pode ser feito para melhorar e, assim, continuar a análise.
Especialistas dizem que, mesmo com a vacina, o vírus continuará circulando. Como isso é possível?
A vacina, sendo segura e efetiva, pode sim nos ajudar com a manifestação do vírus e a contaminação de novas pessoas ou recontaminação. Dado o fato de ainda não termos outras alternativas sólidas para combater o mal, um imunizante é a melhor aposta para minimizar e, talvez, erradicar a pandemia.
Mas, embora a vacina possa ser potencialmente uma solução para esse problema, há outros que devem permanecer no radar: existe o risco de mutação da COVID e há ainda outras doenças infecciosas que se disseminam pelo mundo todos os dias. Por isso, é fundamental entendermos melhor a origem dessas patologias e melhorar nossos hábitos para diminuir os riscos de novas infecções.
O Brasil começa a enxergar uma leve queda nos índices. O que a população deve fazer para que o país siga nesse cenário?
Todo aumento ou diminuição de casos são reflexo do isolamento social praticado há 3 ou 4 semanas, ou seja, se estamos apresentando queda agora, temos que reproduzir o comportamento que estava sendo praticado há alguns dias. Permanecer com o isolamento, utilizar máscaras e higienizar as mãos são ações que devem continuar sendo feitas para não termos um aumento no número de ocorrências.
Levando em consideração os números atuais da pandemia, a população ainda conseguiria contê-la com isolamento ou já é tarde demais?
Não é tarde demais, afinal essa é a única opção que temos para controlar a pandemia. Manter esses hábitos não desfaz os prejuízos já causados, mas evita termos estragos maiores no futuro, uma vez que ainda não há nenhuma outra alternativa.