Com a flexibilização do isolamento social, diversas empresas de comércio e prestação de serviços retomaram suas atividades. Uma pesquisa da startup SumUp, instituição financeira com foco nos pequenos negócios, apontou que, em julho, 57% do setor já voltou a funcionar plenamente no país. Em levantamento anterior, realizado em maio, o número estava em 37%. Os dados são otimistas e um alívio aos empreendedores que viram sua principal fonte de renda despencar no início da pandemia.
Dentre os ramos que retornaram em julho estão serviços de limpeza, especialmente lavagem automotiva (lava-jatos), com 80% de funcionamento, seguido por marcenaria (58%) e manutenção e reparos (55%). Mais da metade (53%) dos serviços de saúde, como consultórios médicos, dentistas, psicólogos e veterinários também voltaram a funcionar normalmente.
Por outro lado, serviços esportivos (29%) e fotografia (26%) registraram um retorno ainda tímido. No caso dos serviços de educação, somente 18% informam ter retomado. Já o setor de eventos segue praticamente parado desde o início da quarentena no país. Apenas 7% disseram ter voltado às atividades.
O fotógrafo Jorge Santos está sem trabalhar desde abril, quando o serviço não essencial deixou de funcionar. Desde então, ele teve dificuldades em pagar suas contas que continuaram chegando e se acumulando. “Meu ramo está diretamente ligado ao de eventos, que foi um dos mais prejudicados. Sem poder realizar festas, casamentos, formaturas, entre outros, fiquei sem trabalho e renda. Nesses últimos meses fui me virando como podia, oferecendo pacotes antecipados e com desconto pela internet, serviços de digitalização de imagens, restauração de fotografias”, diz.
O profissional salienta que tentou recorrer ao auxílio emergencial do governo de R$ 600, mas seu cadastro não foi aprovado. “Demorou para fazer a análise e não fui contemplado. Agora, alguns eventos estão sendo feitos como casamentos. Mesmo que restrito para poucas pessoas, as noivas não deixam de contratar um fotógrafo para eternizar a data”.
Para o economista Ricardo Carvalho, a liberação da retomada das atividades dos pequenos negócios pode evitar que muitos fechem as portas de vez. “Eles já estavam com o funcionamento paralisado desde o começo da crise sanitária, sendo que a maior parte depende da renda do trabalho para sobreviver. Quem adotou vendas on-line ou delivery teve o prejuízo reduzido, mas o faturamento não se iguala ao presencial”.
Ele alerta que a volta das atividades deve ser encarada com ainda mais responsabilidade. “Não é porque foi liberado que a COVID-19 está totalmente controlada. As medidas de higiene e proteção precisam continuar. Inclusive, será um dos aspectos para que o negócio conquiste a confiança dos clientes. Estabelecimentos que mantém as regras de distanciamento, disponibilizam álcool em gel e os funcionários utilizam os equipamentos de segurança como máscara, serão melhores avaliados”, afirma.
Ainda segundo Carvalho, uma maneira de aumentar o faturamento é investir nas redes sociais ou até mesmo criar promoções. “É uma ferramenta gratuita e ao alcance de todos. O momento é de atrair a atenção do cliente para que ele volte a consumir em níveis semelhantes aos de antes da pandemia. Por mais que o lucro não seja bom no início, a tendência é de melhora nos próximos meses”, finaliza.