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81% dos brasileiros estão dispostos a adotar práticas de consumo colaborativo

Pode-se dizer que, atualmente, há um consenso sobre os limites dos recursos que a natureza produz. E uma forma de preservar as riquezas que ainda estão disponíveis são reutilizar e consumir de maneira consciente, por meio de trocas e compartilhamento. Pensando nessa nova demanda, de acordo com levantamento realizado Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em um ano, aumentou de 68% para 81% o número de brasileiros que estão dispostos a adotar mais práticas de consumo colaborativo no seu dia a dia nos próximos 2 anos. E esse percentual se mantém próximo em todas as faixas etárias e classes sociais.

Segundo a pesquisa, 74% das pessoas ouvidas já utilizaram ao menos uma vez, ainda que sem frequência, alguma modalidade de consumo colaborativo. Para muitos, esse novo modelo é um caminho sem volta: 88% dos entrevistados acreditam que essas práticas vêm ganhando espaço na vida das pessoas. O educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, ressalta que essa mudança de paradigma está relacionada tanto às questões ambientais quanto à economia. “A economia compartilhada une dois propósitos, que é fazer o orçamento render e contribuir para um mundo melhor, a partir do uso racional de bens e serviços”.

Essa mudança está sendo impulsionada, principalmente, pelas novas tecnologias. Para 85%, a internet e as redes sociais contribuem para o desenvolvimento de confiança entre os envolvidos nesse tipo de prática. “Atualmente existem várias pessoas que estão pensando nesses serviços de maneira estratégicas e em como melhorar a experiência do cliente. Então, isso ajuda a desenvolver e aprimorar o que está sendo prestado”.

Serviços

Ainda de acordo com o estudo, as modalidades de consumo colaborativo com mais adeptos são as caronas para ir ao trabalho, faculdade, passeios ou viagem (42%), o aluguel de residências para curtas temporadas (38%), além do compartilhamento e da locação de roupas (33%).

Já as com maior potencial de utilização, ou seja, aquelas que os brasileiros mais reconhecem que poderiam experimentar no futuro, são o coworking (61%) – compartilhamento do espaço físico de trabalho -, o aluguel ou troca de brinquedos (59%) e a hospedagem de animais de estimação na casa de terceiros (59%).

No geral, 91% dos usuários se dizem satisfeitos com as experiências de consumo, porém essa modalidade ainda esbarra na falta de confiança das pessoas e no medo de serem passados para trás (45%). Além disso, a falta de informação (43%), o perigo de lidar diretamente com pessoas estranhas (38%) e a ausência de garantias em caso de não cumprimento do acordo (33%) também são apontadas como barreiras.

“O medo do desconhecido continua sendo um problema a ser superado na economia compartilhada, entretanto, assim como a tecnologia proporciona a aproximação de pessoas, ela também vem se aprimorando no quesito segurança. Hoje, muitos sites e aplicativos já contam com filtro de reputação, que avalia tanto quem presta o serviço quanto o cliente, seguindo uma série de atributos como pontualidade na devolução, cuidado na utilização, estado de conservação e pagamento”, reitera Vignoli.

Economia 

A engenheira Larissa Campos conta que o primeiro contato que teve com serviços de economia compartilhada foi por meio de aplicativos de transporte. “Percebi, há um tempo, que é mais interessante fazer o uso desses serviços do que manter um carro. Além da gasolina estar cara, ainda tem o custo de manutenção”.

Para além dessa modalidade, hoje ela já deixa a sua pet de estimação com uma pessoa que recebe animais em casa e tem vestidos de aluguel em uma loja de Belo Horizonte. “Recebi a indicação dessa pet sister de uma amiga, que sempre deixa o cachorro lá. Recorri ao Instagram, como primeiro contato, e notei que ela também tem projetos sociais de recolhimento e abrigo de animais de rua e isso foi um diferencial. Já em relação aos meus vestidos, tinha três de festa que ficavam parados no guarda-roupa. Passando em frente à loja, percebi que havia um cartaz sobre a possibilidade de deixar a peça de roupa e receber 30% quando ela for alugada”.

Sobre os benefícios das práticas de economia compartilhada, Larissa afirma que é bom para o bolso e meio ambiente. “A nossa geração está passando por um momento muito crítico. Temos que fazer algo para mudar ou a terra está fadada a acabar, seja na questão econômica ou nos seus recursos naturais”, finaliza.