Por volta de 1955, Juscelino Kubitschek (JK) se elegeu presidente com a proposta de “50 anos em 5”, com destaque para a indústria e energia. Realmente o desenvolvimento do setor enérgico nacional. propiciou a vinda de várias multinacionais que aqui se instalaram e até hoje ocupam posição de destaque no país, transformando o mercado, com destaque para a indústria automotriz.
Nos primeiros anos deste século, assisti a uma palestra do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, onde após ouvir outros participantes exaltarem a situação que o país atravessava e o futuro promissor, destacando sempre o setor industrial, me chamou a atenção ele lembrar que apesar do desenvolvimento inquestionável que tínhamos, não podíamos nos esquecer da importância e do grande potencial que a agricultura demonstrava no cenário econômico nacional e internacional. O agronegócio mostraria mais uma vez ser o pilar econômico do país, quase 70 anos pós-JK. Passados todos estes anos, as palavras dele continuam absolutamente corretas e atuais, pois o Brasil deixou de ser importador de alimentos para se transformar no 2º maior produtor mundial e no maior exportador, com uma economia que, para crescer, depende diretamente do resultado da agricultura.
Na contramão dos mais diversos setores de produção do país, a agropecuária e a agronomia parecem não ter sido abarcada na destruição que esta pandemia trouxe. É claro que o setor precisou de se preocupar com sua mão de obra, para evitar uma disseminação massiva do vírus, em todos os setores envolvidos, permitindo ao agro brasileiro bater novos recordes em sua produção. As exportações do agronegócio tiveram um novo recorde entre janeiro e maio deste ano, fechando em US$ 42 bilhões, o maior valor já acumulado em um espaço de 5 meses. E continua crescendo. Segundo a CNA este resultado representa uma alta próxima a 8% em relação ao mesmo período o ano passado.
No meio da pandemia da COVID-19 e já no olho do furacão, o Brasil se preparou com competência. Somente a exportação de soja e derivados de carnes, além de outros produtos, como café e frutas, transformou o país em celeiro do mundo. Em tempos como este é simples e incontestável: todos nós precisamos de nos alimentar. Por esta razão o Brasil é fundamental, pois a primeira necessidade é comer. É fundamental e necessário.
Conectar o consumidor com o produtor rural e ao mesmo tempo desmitificar a produção agrícola aos olhos da sociedade urbana. O agronegócio tem que mostrar a tecnologia que é aplicada no dia a dia do campo, na fabricação de produtos agrícolas e dos alimentos. Temos que nos sentir orgulhosos do agro.
Da mesma forma deve se sentir aquele que está na lida, aquele herói que além de produzir commodities, está com seu trabalho na casa de cada pessoa, fazendo parte na vida de todos. A agricultura move o mundo, mata a fome e dá suporte para crescimento, neste solo abençoado, em que “se plantando, tudo dá”.
Sem essa pessoa, o agricultor, sem esse profissional, simplesmente não haveria a maior parte de nossos alimentos, as roupas de algodão que vestimos ou as rações e forragens para os animais de criação. Sem o agricultor o mundo seria totalmente diferente, mais pobre e desnutrido. E não haveria como manter viva uma população que se aproxima dos 8 bilhões de pessoas.
Esses homens e mulheres que vivem com os pés e a mãos na terra, o tempo todo atentos ao clima, à sustentabilidade, às chuvas, às pragas, às doenças, à qualidade das sementes, às novas tecnologias agrícolas, na maioria das vezes sem estar conscientes do papel essencial que desempenham para a humanidade. Por eles tiro a chapéu e os aplaudo de pé.
Como diz a chamada veiculada em um canal de televisão, em horário nobre, “agro é tech, agro é pop, agro é tudo…” É a riqueza do nosso Brasil.
*Roberto Luciano Fortes Fagundes
Engenheiro, presidente da Federação de CVB-MG, presidente do conselho do Instituto Sustentar e vice-presidente da Federaminas
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