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SAF e seus objetivos aos clubes

Não é milagre, apenas uma nova gestão administrativa em clubes pelo Brasil que estão sendo comprados por investidores. Os pés no chão são fundamentais para que a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) dê certo, pois não será através de uma varinha mágica que as dívidas dos clubes serão resolvidas de um dia para o outro.

Todo cuidado é pouco, porém, vários clubes brasileiros estão virando SAF, como o Atlético Mineiro, Cruzeiro, Vasco, Botafogo, Bahia, Cuiabá, Coritiba, Figueirense e Paraná. Dentre outros das séries B, C e D, que já foram comprados por empresas em 90% das ações, ficando os outros 10% para o clube administrar lazer e esportes olímpicos. O Cruzeiro é o primeiro que foi adquirido há dois anos e vendido no mês passado para outro investidor.

O projeto de lei da SAF foi sancionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2021, após várias discussões e emendas dos senadores e deputados federais. A lei prometia revolucionar o futebol brasileiro, mas ainda é motivo de forte discussão entre torcedores e dirigentes sobre sua funcionalidade: a criação das Sociedades Anônimas do Futebol.

Como o futebol mexe com a paixão de milhões de torcedores em todos os 26 estados e Distrito Federal, a esperança para muitos é que os clubes que estão se transformando em SAF tenham dias melhores. A Lei nº 14.193, sancionada há pouco mais de três anos, permite a instituição das SAFs como a solução para transformar o cenário nos próximos anos. Apesar de parecer prática, requer muito conhecimento, discussão e planejamento.

Caracterizada por dar aos clubes um “respiro”, principalmente por proporcionar a chance de recomeçar longe das dívidas, a SAF surge como um modelo capaz de abrir as portas para novas receitas, além de potenciais investidores, como uma belíssima ferramenta para os clubes rumo à modernidade.

Nos comentários de analistas econômicos, a lei não é um marco regulatório que irá resolver todos os problemas do futebol brasileiro. É necessário o pé no chão dos investidores para não iludir os torcedores prometendo mundos e fundos de fazer o clube de seu coração uma potência imediata, pois é uma ferramenta para solucionar o maior problema da maioria, que é o alto endividamento.

De uma forma mais clara, é como se fosse criada uma startup, usando as cores e a bandeira dos clubes, e que os permite captar novos investimentos, criando novas receitas que proporcionarão investimentos em estrutura, novos jogadores, dentre outras coisas. Por outro lado, é preciso cumprir exigências, como pagamentos condicionados à receita, divulgação de balanços e relatórios, responsabilidade civil, sendo um avanço em direção a uma modernidade que alinhará o Brasil com o que já é feito em outros lugares, especialmente na Europa.

A SAF é melhor aproveitada quando vem para ser a cereja do bolo. Antes da chegada do investidor, é preciso organizar a casa. O modelo não é necessariamente ideal para 100% dos clubes brasileiros. Alguns possuem seus modelos de gestão, outros não convivem com as dívidas. Muitos acreditam que a SAF será o futuro do futebol brasileiro, que sofre há décadas com dirigentes que não podem seguir um planejamento financeiro para atender a demandas políticas que os mantém nos cargos.

Para especialistas em gestão esportiva, as SAFs abrem caminho para uma modernização completa no futebol brasileiro. E um dos pontos, por exemplo, é o crescimento na discussão pela formulação de uma liga de clubes, assunto que vem sendo debatido pelos dirigentes dos clubes nos últimos anos.

Desde a Lei da SAF, a sigla foi incorporada ao vocabulário, dos noticiários e às discussões do futebol brasileiro. O número de adesões e clubes interessados no assunto demonstra, de forma definitiva, que o futebol tinha uma demanda reprimida de investimentos. Isso dependia da edição de uma lei que trouxesse condições formais e práticas para quem tivesse o objetivo de constituir sociedade anônima para o futebol, em especial, para investidores que buscavam segurança jurídica para aportar recursos no futebol pentacampeão mundial. A SAF estabelece um modelo de governança e transparência muito importante e deve trazer modernidade e respiro financeiro aos clubes brasileiros em consonância com os principais clubes europeus.

A Lei da SAF, em pouco tempo, já deixou um enorme legado: está mudando o mercado de futebol no Brasil. Muitos clubes entenderam que precisam profissionalizar não só a gestão, mas também endereçar o problema do seu endividamento de forma estruturada e profissional. Os movimentos estão sendo feitos e alguns resultados já começam a aparecer. Muita coisa já aconteceu em um ano e a tendência é que o processo se acelere daqui para frente. Quem não entendeu o momento, vai ficar para trás. Para esses, fica o alerta: não adianta varrer a sujeira para baixo do tapete, pois ela seguirá lá e, um dia, o que foi um pequeno problema vai se transformar em uma ameaça à continuidade.