Mais do que nunca, todos estamos conectados. A distância causada pelo isolamento social é amenizada pelo contato que a internet proporciona. Essa facilidade tem mudado a maneira de paquerar dos brasileiros. É que boa parte deles (65%) estão se aventurando pelos aplicativos de relacionamento a fim de encontrar “a metade da sua laranja”, outros 56% utilizam o WhatsApp como arma para a conquista.
Para manter a proximidade com o crush, 44% dos brasileiros têm usado as chamadas de vídeo e 30% as ligações telefônicas. Os dados são do estudo “O Cenário dos Encontros”, feito pelo The Inner Circle, aplicativo de relacionamento global, que apontou ainda que 26% dos brasileiros dispostos a achar um relacionamento em tempos de pandemia, estão achando a experiência interessante e 24%, divertida. E engana-se quem pensa que os números são apenas “fogo de palha”.
Os encontros virtuais estão sendo levados a sério, prova disso é que 81%, 8 em cada 10 solteiros, acredita que vai seguir com o date após o isolamento. A análise ainda aponta que para 76% dos solteiros brasileiros, a COVID-19 fez as pessoas se preocuparem mais em encontrar uma conexão e quase a metade (46%) acha que isso ajudou a combater o mau comportamento nos encontros, isso porque, com a impossibilidade de encontro, o impulso é freado. Para David Vermeulen, fundador e CEO do The Inner Circle, embora esse possa parecer um momento ruim para entrar em um relacionamento, é uma excelente oportunidade para construir conexão com alguém. “Isso prova que as pessoas solteiras estão mais interessadas em buscar parceiros em potencial”. Ele acrescenta que a tecnologia deu aos solteiros acesso a pessoas que, de outra forma, não teriam se conhecido. “Esses apps facilitam a aproximação de casais de diferentes áreas.
E com a pandemia, a tecnologia ajuda inclusive na paquera, já que as pessoas podem permanecer conectadas aos seus crushs em tempo real”. A psicóloga Marina Franco explica que os aplicativos de relacionamento podem ser uma válvula de escape para o momento em que vivemos. “Se a pessoa usa isso de forma consciente, sem se esquecer da realidade, pode ser um divertimento, uma maneira de, por um tempo, se distrair do mundo lá fora, da situação de pandemia e de ansiedade diante disso tudo. Ela só não pode – e não deve -, se alienar do tempo presente, passar horas nos aplicativos, sem procurar se informar de como o mundo está indo”.
Foi a fim de se distrair que a publicitária Anna Roldão decidiu se aventurar pelos aplicativos de paquera. Em uma brincadeira com as amigas, elas decidiram criar uma conta cada para ver quem saía da quarentena com mais histórias para contar. Contudo, de forma despretensiosa, ela encontrou uma pessoa interessante. “De um modo geral, a experiência não estava sendo boa. Até conversei com alguns caras bacanas, mas nada promissor. Mas ele me encantou já pela forma que me chamou”.
Segundo ela, seu novo paquera a abordou de forma descontraída. “Quebrou o gelo e o papo rendeu. Trocamos telefone e estamos nos falando todos os dias. Estou ansiosa para tudo isso acabar e a gente poder se conhecer pessoalmente, mas acredito que, em outro cenário, talvez não animasse porque não sei se teria esse tempo todo para me dedicar a conhecê-lo virtualmente antes”, aponta ela que já troca mensagens com seu possível parceiro há 2 meses.
E para quem tem dúvidas se este é o momento ideal para ir em busca da “tampa da sua panela”, a psicóloga acrescenta: não existe tempo certo. “O que vai dizer isso é como a pessoa se sente sozinha. O relacionamento não pode ser uma fuga, uma forma de aplacar a solidão. A pessoa tem que se sentir bem sozinha, ter uma boa autoestima para que o relacionamento venha para somar e não tapar buracos”, conclui.