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34,5% dos pequenos negócios mineiros tiveram que se adaptar para continuar no mercado

Para tentar passar por esse momento de incerteza econômica causado, principalmente, pelo isolamento social, medida defendida por especialistas da saúde como sendo a mais eficaz no combate ao coronavírus, vários empresários mineiros tiveram que fazer mudanças em seus negócios. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas). Segundo o levantamento, feito entre os dias 6 e 7 de abril com 501 empreendimentos dos setores de indústria, comércio, serviços e agropecuária, 34,5% dos pequenos negócios do estado continuam em funcionamento, porém tiveram que se adequar à nova realidade de mercado e às necessidades de consumo.

A principal mudança foi a transferência das operações físicas para o ambiente digital, 41% das empresas que mudaram sua forma de atuação passaram a entregar apenas delivery e 21% adotaram o home office. “Com as ferramentas disponíveis no mercado, como as plataformas de entrega e programas de videoconferência, as empresas mais preparadas conseguiram avançar neste movimento. Ainda assim, 48% dos empresários relataram dificuldades em operar dessa forma, seja por não conseguir adaptar seus produtos à logística necessária à entrega ou baixa familiaridade com o meio digital”, diz Felipe Brandão de Melo, gerente da unidade de inteligência empresarial do Sebrae Minas.

Melo ressalta também que essa crise é diferente das demais que já se enfrentou, pois antes os efeitos nos pequenos negócios chegaram de forma mais gradual, ainda que intensa e, desta vez, as consequências puderam ser sentidas de um dia para o outro e muitos suspenderam suas atividades. “A grande parte dos pequenos negócios não tem uma geração de caixa satisfatória capaz de gerar reservas financeiras e de repente suas fontes de receita foram interrompidas. Os primeiros desafios foram: como chegar ao cliente ao invés de o cliente chegar até a empresa? Como pagar os custos fixos sem a previsão da entrada de receita? Felizmente existem diversas ferramentas e possibilidades de adaptação que ajudaram as empresas nesse momento”.

Para o futuro, o gerente acredita que é inevitável que a pandemia global traga mudanças não só nos negócios, mas também em diversos outros aspectos da sociedade. “Quando as medidas de isolamento forem encerradas é esperada uma volta à normalidade, mas muitas dessas mudanças já estarão instaladas permanentemente. No entanto, o fato mais importante é que a grande maioria das empresas não estava preparada para uma crise como essa, o que reforça a importância dos elementos de boa gestão que sempre foram disseminados: qualidade dos produtos, comunicação com o cliente, gestão financeira, inovação e cuidado com os funcionários”.

Para Melo, é neste momento de adversidade que a qualificação se mostra ainda mais fundamental. “Os empresários precisam procurar orientação, afinal com temas tão diversos e que mudam rapidamente é muito difícil conseguir cuidar do negócio e se manter atualizado ao mesmo tempo. Além disso, também vem à tona a importância de se refletir sobre as associações empresariais, uma vez que o compartilhamento de soluções para problemas comuns é um importante instrumento de desenvolvimento do ambiente de negócios”.

E-commerce

Uma das ferramentas mais utilizadas tanto pelos empresários como pelos consumidores foi o e-commerce. O gerente do Sebrae destaca que essa modalidade sempre foi aliada do pequeno negócio, pois permite que uma empresa sediada em determinada localidade alcance clientes praticamente com a mesma capilaridade de uma grande empresa. “Os portais de compra (marketplaces) oferecem tecnologia, visibilidade e logística. O isolamento social imposto pela pandemia tornou o que era visto como luxo, por algumas empresas, a algo necessário. Houve setores aumentaram suas vendas on-line em mais de 100% nas primeiras semanas e isso indica que tanto os consumidores quanto os empresários apresentam um apurado senso de adaptação”.

Uma das pessoas que aproveitou esse momento para lucrar ainda mais foi a empresária Amanda Pereira. Ela é dona de uma pequena doceria em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, e teve que dar um tempo nas suas atividades no local físico. “Apesar da liberação para funcionamento dos estabelecimentos que oferecem alimentação, preferi fechar a minha loja, pois moro com a minha mãe que faz parte do grupo de risco”.

Ela conta que já tinha vontade de migrar parte da sua produção para o on-line, porém não tinha tido tempo para isso. “Algumas pessoas estão reclamando das vendas durante a pandemia, mas não tenho nenhuma queixa. Pelo contrário, a demanda aumentou nesse último mês. Acho que as pessoas ficam com mais vontade de comer doce quando ficam em casa. É uma forma de aliviar a vida”, brinca.

Para finalizar, a doceira diz que está planejando adotar apenas o serviço por entrega, porque essa seria uma forma de ficar mais tempo com a sua mãe. “Preciso ver como ficará a demanda após esse período de isolamento social”, finaliza.