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Inadimplência do crediário sobe 25% com COVID-19

O isolamento social é a principal forma de conter a pandemia da COVID-19. A mudança brusca na rotina da população já está trazendo consequências para a economia. Dados do Meu Crediário – sistema de análise de crédito e cobrança que atende diversos segmentos varejistas – apontam que a inadimplência dos clientes aumentou em 25% no mês de março se comparado ao mesmo período de 2019.

Essa porcentagem, na opinião do cofundador do Meu Crediário, Jeison Schneider, tende a crescer. “Isso deve acontecer já no mês de abril. Em março, a inadimplência foi relativamente menor, pois o isolamento social e o fechamento do comércio ocorreram depois do dia 15 e a grande quantidade de pagamento do crediário acontece na primeira dezena do mês, que é quando as classes C e D, público-alvo dessa modalidade de crédito, recebem o pagamento”.

Schneider acrescenta que, assim que as autoridades ordenaram o fechamento dos comércios, o crediário sentiu. “No dia seguinte, os números começaram a mudar e as vendas caíram. O aumento na inadimplência impacta, principalmente, no capital de giro e fluxo de caixa da loja. Ou seja, por consequência disso, os lojistas poderão ter dificuldades para pagar os fornecedores, quitar com os credores e isso pode, inclusive, comprometer a folha de pagamento dos funcionários”.

A caixa de padaria Ana Cláudia Santos decidiu não pagar a fatura do cartão após ouvir que, no próximo mês, pode não ter pagamento na empresa na qual trabalha. “Parece que se eu receber, será apenas uma parte do valor. Tenho três filhos pequenos em casa, o que é melhor: pagar a roupa que comprei em várias parcelas ou água e luz?”.

Ela conta que, como é impossível prever o futuro e não sabia de que maneira começaria 2020, aproveitou as férias dos filhos para comprar roupa para eles. “Não foi nada muito caro, mas como é tudo multiplicado por 3, precisei parcelar. Nunca imaginei que meu salário ficaria comprometido por um vírus”, justifica.

Reinventando a cobrança
O cofundador do Meu Crediário explica que, neste momento, não há uma solução para melhorar o quadro de inadimplência. Contudo, as lojas tem mudado a maneira de cobrar. “Alguns lojistas estão fazendo a cobrança por meio de motoboys. Outros têm enviado SMS ou mensagens no WhatsApp para avisar que a parcela deste mês pode ser paga através do boleto bancário”.

Já para as marcas que não conseguirem executar esse plano, Schneider sugere que abram mão do valor de juros de multa para clientes em atraso, uma vez que a fidelização é mais importante no contexto atual. “Após o isolamento social, esse benefício vai incentivar novas compras e auxiliar na retomada da economia”, explica.

Ele ressalta que, apesar dos esforços, não é possível saber o que vai dar certo. “Ainda é muito cedo para dizer qual medida funciona. É preciso ir testando soluções e estudando o cenário e suas mudanças. Os lojistas com o caixa mais elevado conseguem até superar as perdas por 2 ou 3 meses, mas para quem já está com dificuldade é mais complicado. O ideal é renegociar os pagamentos com fornecedores e buscar empréstimos com taxas adequadas”, conclui.