Não é novidade que as redes sociais tomaram proporções gigantescas em todo o mundo. Os brasileiros, por exemplo, estão sempre conectados. O país, inclusive, é o campeão de acessos (88%) na América Latina, ficando na frente da Argentina (83%) e do México (80%). Os dados são da consultora internacional de marketing Comscore que mostram ainda que Minas Gerais é o segundo maior consumidor das redes (14%), atrás apenas de São Paulo com 32% dos usuários.
Para o especialista de marketing e comportamento de consumo, Gabriel Rossi, inúmeros fatores explicam à relação brasileiros e redes sociais. “O avanço substancial da banda larga, o forte clima de polarização política, o acesso ao celular com tarifa de dados mais barata e a propensão do brasileiro em consumir entretenimento e ser sociável”.
Ele adiciona que a relação entre o brasileiro e as redes sociais depende muito do contexto. “O Facebook é uma plataforma de relacionamento e entretenimento. Ou seja, se estamos na sala de espera do dentista, acessamos a rede. Já o YouTube é uma ferramenta com busca mais orientada, usada também para obtermos informações e aprendermos. O Twitter é mais usado por jornalistas e se tornou uma rede para formadores de opinião”.
Rossi afirma que essas plataformas têm, inclusive, mudado o nosso dia a dia. “Vivemos em tempos efêmeros e o caráter imediatista das redes sociais contribuem para que isso ganhe mais força. Entretanto, a principal mudança é que não há mais diferença entre o mundo offline e online. Por exemplo, para comprarmos algo conversamos com o vendedor na loja, comparamos os preços na internet e procuramos opiniões de nossos amigos sobre determinado produto”.
O especialista ressalta que ainda estamos no início de uma mudança mais radical. “Há uma segunda revolução digital chegando. Atualmente, metade do mundo está online, que é a parcela rica. Quando a outra parte, majoritariamente pobre da humanidade, tiver real acesso, a internet mudará e essa população também sofrerá alterações. E isso vale para as regiões mais remotas e pobres do Brasil”.
Ele finaliza dizendo que, se não usada com consciência, as redes sociais podem trazer sérios problemas. “Inclusive psicológicos, como ansiedade social, angústia e falta de iniciativa para a resolução de questões cotidianas. O maior contratempo é quando passamos a abdicar de experiências para ficarmos imersos nas redes. Além de tudo isso, nossa privacidade começa a se tornar uma utopia”.
Idade e tempo
O levantamento apontou que os adultos acima de 45 anos são os que mais acessam a internet. Em segundo lugar vem o grupo entre 25 e 34 anos.
Segundo dados da GlobalWebIndex, o tempo gasto nas redes sociais aumentou 60% em todo o mundo nos últimos 7 anos. O período diário médio de cada pessoa, em uma rede social aumentou de 90 minutos, em 2012, para 143 minutos nos primeiros três meses de 2019.
Do hobby ao trabalho
Desde a infância a criadora de conteúdo e digital influencer Layla Brigido, 25, é adepta das redes sociais. Ela recorda que, quando criança, seus pais regravam bastante o uso, mas, foi crescendo e tendo mais autonomia. “Acabei me envolvendo mais com as redes sociais. Fico boa parte do meu dia estudando, pesquisando e produzindo material”. Com o tempo e com dedicação, ela viu suas contas na web deixarem de ser apenas um hobby e se tornar sua profissão.
Layla diz que as redes sociais fazem parte da vida de todo mundo e que não dá para ignorar essa realidade. “Elas facilitam o acesso às pessoas que estão longe e criam vínculos. Mas, trabalhando com redes sociais, entendi que é importante dosar esse uso”.