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Conheça mais sobre a maratona, esporte que teve final de semana histórico

O mundo do esporte parou nos dias 12 e 13 deste mês para acompanhar de perto novas marcas da maratona: mais uma vez, os quenianos baixaram o tempo dessa prova, fato que parecia impossível de alcançar. Eliud Kipchoge foi o primeiro homem a correr os 42,2km em menos de 2h (1h59min40s2), em Viena, e Brigid Kosgei fez a melhor marca de todos os tempos na maratona feminina. O feito aconteceu em Chicago e a corredora finalizou o percurso em 2h14m04.

Márcio Prudêncio, mestre em Biomecânica do Movimento Humano pela Universidade Estadual de Campinas, comentarista de atletismo pela ESPN Brasil e técnico de atletismo do Centro de Treinamento Esportivo da Universidade Federal de Minas Gerais (CTE/UFMG), diz que os quenianos estão dominando as corridas de longas distâncias por fatores genéticos, sociais e culturais. “Há uma região do Quênia, de onde vem a maioria dos corredores de destaque internacional, que tem uma elevada altitude. Por isso, quem mora nesse local possui mais hemoglobinas no sangue, o que facilita a respiração em locais com menor altitude”.

Prudêncio acrescenta que, além disso, como o transporte público é precário, as pessoas têm que percorrer longas distâncias a pé e, muitas vezes, fazem esse trajeto correndo. “Ou seja, esse esporte está enraizado na vida local, assim como o futebol para nós. Aqui, a criança quer ser jogadora e lá quer ser corredora”.
O especialista afirma que os corredores profissionais têm um padrão corporal muito semelhante: longilíneos, magros (com baixíssimos percentuais de gordura) e, em alguns casos, altos. “O mais importante nessa prova é manter a regularidade. Por exemplo, para conseguir completar a maratona com menos de 2h, o corredor precisa fazer 1 km a cada 2,5 minutos. Isso não é fácil, mas é possível”.

Sobre a marca de Kipchoge, apesar da prova ter sido feita com esse objetivo e, por isso, não é considerado um recorde mundial oficial, Prudêncio reitera que é um feito histórico e que merece ser comemorado. “Na ciência, muito se comenta sobre os limites do corpo humano e se já teríamos chegado ao ponto de ser impossível abaixar ainda mais o tempo, mas há sempre uma pessoa que supera. E correr a maratona em menos de 2h só poderia ter sido feito pelo Kipchoge. Ele é um corredor fantástico! Para se ter uma ideia, em 14 maratonas que disputou, ele ganhou 13 e ficou em segundo lugar na outra”.

Outro ponto destacado por Prudêncio é a força que o esporte tem na vida das pessoas. “Estamos vendo a história acontecer bem na nossa frente e isso não é importante apenas para os livros, mas também para as crianças que estão acompanhando e se sentem motivadas. Ademais, é válido falar do poder transformador do esporte. Por exemplo, esses corredores não teriam condições de viajar o mundo e nem terem a oportunidade de mudar suas vidas e de famílias sem o atletismo”.

Maratona para amadores
O enfermeiro Leandro Silas, 40 anos, começou a correr para ganhar condicionamento físico e conseguir fazer outras atividades, como capoeira, musculação, entre outras. “A corrida começou como algo secundário para melhorar o meu desempenho nos outros exercícios, mas tomei gosto”.

Com mais de 20 anos de experiência como amador, de 2km passou a competir em provas de 60km. “Fui me desafiando a cada dia. Sempre queria correr distâncias maiores e em menores tempos”. Para se preparar para as corridas, o enfermeiro disse que é preciso meses de organização e uma alimentação saudável. “Para quem quer começar a correr, recomendo procurar um médico para saber se está tudo bem com a saúde e sempre dar o seu melhor”.

Prudêncio finaliza endossando o conselho do corredor. “Além disso, reitero a importância de ter um profissional de educação física acompanhando o desenvolvimento. São provas longas, que precisam de treinamento de resistência, físico e de força em médio e longo prazo. Queremos que a pessoa complete a prova de maneira prazerosa para que isso se torne um hábito”.