Prestes a completar um mês de lançamento, liderando a bilheteria nacional e levando mais de 1,6 milhão de espectadores ao cinema, o filme Coringa é sucesso de críticas, sobretudo, por causa da atuação de Joaquin Phoenix no papel principal. Dentre várias características marcantes do personagem, a que mais chama a atenção é a risada histérica e perturbadora que domina várias cenas importantes do longa. E você sabe qual é a causa desse riso descontrolado? Uma doença chamada epilepsia gelástica.
Rara e desconhecida para a maior parte da população, estima-se que a cada 1.000 pessoas que têm epilepsia, apenas uma terá desse tipo. “As crises gelásticas são classificadas como parciais e complexas. Ela não é aquela clássica que estamos acostumados, na qual o paciente desmaia e se debate no chão, mas há alterações parciais da consciência. Por isso, a pessoa tem riso ou choro despropositado”, explica o presidente da Sociedade Mineira de Neurologia, Drusus Pérez.
O médico reitera que essa condição pode aparecer após um tumor benigno em uma estrutura do cérebro chamada de hipotálamo. Ela é responsável por funções vitais do corpo, como o controle de hormônios e do sono. Além desse local, a lesão também pode aparecer no lóbulo temporal, frontal em consequência de alguma paralisia cerebral. “Essa doença tem um diagnóstico difícil, pois a suspeita da crise, geralmente, é clínica, precisa-se observar a crise de riso que a pessoa está tendo e associá-la a uma epilepsia. Por vezes, o eletroencefalograma, uma tomografia no cérebro, ajuda a encontrar a lesão”.
Assim como é retratado no filme de maneira intensa e marcante, as crises epiléticas podem atrapalhar o convívio social de quem é acometido por ela. “Qualquer quadro convulsivo interfere na maneira como o paciente vai lidar com o mundo a sua volta, especialmente, se ele tiver muitos episódios durante o dia. Algumas vezes, as crises parcial e complexa são difíceis de controlar e quando a pessoa tem mais de 3 vezes ao dia, isso pode até impedi-la de trabalhar”.
Peréz informa que o tratamento da epilepsia gelástica pode ser feito com anticonvulsivantes. “Agora, se houver algum tumor, temos que avaliar a possibilidade de uma cirurgia. Como trata-se de um tumor benigno, pode ser que seja recomendado ou não a operação. Mas, a principal intervenção é com medicamento”. Se o paciente ficar sem tomar remédio, ele pode ter crises diárias. Com tratamento, as convulsões reduzem a uma ou duas por mês – ou até desaparecem, dependendo de cada caso.
Para finalizar, o médico alerta que existem outros tipos de crises parciais e complexas e, assim como a epilepsia gelástica, também são de difícil percepção. “Sintomas como a pessoa parar de fazer o que estava executando, olhar para o horizonte de maneira vidrada ou realizar movimentos repetitivos com a mão ou boca podem indicar que há algo de errado”.