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Homens também fazem pole dance e revelam as dificuldades que enfrentam

Geralmente, o pole dance é associado a uma dança sensual praticada pelas mulheres. No entanto, esse padrão vem sendo desconstruído e, cada vez mais, homens aderem ao esporte como forma de fazer algum exercício físico e de fortalecer os músculos. Existem diversas academias e espaços especializados voltados para o público masculino. Mas, a presença deles na modalidade ainda é cercada de preconceitos e olhares críticos por uma parcela da sociedade.

Para o estudante de educação física e praticante do pole dance Paulo Fernandes, 28, as pessoas não têm muita informação sobre o esporte. “Até mesmo na própria família existe preconceito. Pensam que é somente para rapazes que fazem show de stripper e levam para o lado vulgarizado. Uma vez já me perguntaram se eu era garoto de programa”, relembra.

Ele diz que começou a praticar há cerca de 7 meses. “Sempre fui ligado a novas atividades. Na época, a turma tinha cerca de 12 alunos e eu era o único homem que fazia aulas de pole dance. Elas ficavam um pouco receosas por conta das roupas que temos que usar para conseguirmos aderência do corpo na barra vertical. Isso foi mudando à medida em que fomos conversando sobre o tema”.

Fernandes já percebeu algumas mudanças em seu corpo. “Parece fácil, mas os exercícios exigem força e habilidade. Eu já tinha um preparo físico bom, porque faço musculação há algum tempo. Mas foi um desafio grande e você acha que não vai dar conta de completar os movimentos. Meu abdômen e bíceps estão mais definidos. Quanto mais a gente pratica, mais motivação tem para continuar”.

Quem também é adepto do pole dance é o designer gráfico Juliano Pereira, 33. “Sempre pensei que fosse uma coisa apenas para mulheres, pois nunca tinha ouvido falar que homens também pudessem praticar. Fui pesquisar e descobri que já havia algumas academias voltadas para o público masculino. Decidi fazer uma aula experimental e acabei me apaixonando por esse esporte”.

Ele conta que frequentemente as pessoas questionam sobre sua sexualidade. “Ainda causa um certo estranhamento e alguns têm em mente aquela imagem de uma dança sensual feita por uma mulher. Vários já me perguntaram se eu era gay por conta disso. Tento levar na esportiva e não ligar para esses comentários. Mas é bom para romper com esse paradigma, mesmo porque o pole dance não é um esporte que tem a ver com gênero ou sexualidade”.

Pereira lembra a primeira aula que fez. “Fiquei com o corpo todo dolorido e não imaginava que a atividade exigia tanta resistência e concentração. Tive algumas dificuldades no começo, principalmente porque era sedentário, mas não pensei em desistir. Os movimentos fortalecem o corpo e saio das aulas todo suado como se tivesse corrido quilômetros”, conclui.

A professora Alessandra Cunha dá aulas de pole dance há quase 10 anos. Ela explica que antigamente as academias não aceitavam homens. “Isso mudou nos últimos anos e existem as aulas mistas ou específicas para eles, assim como surgiram diversos campeonatos. O que ainda precisa mudar é a cabeça da sociedade em relação ao esporte. As mulheres ainda sofrem porque julgam vulgar e associam a trabalhos em boate. Já os homens pensam ser gogo boy, stripper ou gay”.

Questionada sobre os benefícios da prática, Alessandra diz que a atividade envolve toda a musculatura. “Esse é o exercício ideal para quem está em busca de definição, porque trabalha, principalmente, os braços, abdômen e pernas. Ele também contempla a parte aeróbica se for combinado com coreografias. Sem falar na questão na autoestima e na aceitação do próprio corpo”.