As eleições municipais de 2020 podem ser um marco na história dos partidos políticos em Minas Gerais, pois está em jogo o prestígio ou desprestígio de muitas lideranças. Nomes que vão se desgastando e, com essa deterioração, levam junto importantes siglas como PSDB, MDB, PT e o Democratas.
A queda desses partidos começou no pleito do ano passado diante de derrotas antológicas como a do PSDB que viu sucumbir, de uma hora para outra, representantes, por exemplo a do ex-deputado estadual Bonifácio Mourão e do ex-deputado federal e ex-presidente da sigla em Minas Marcos Pestana. Para piorar a situação, o todo-poderoso Aécio Neves deixou de disputar o Senado e aceitou voltar à Câmara Federal. Paralelamente, o senador Antonio Anastasia perdeu a disputa ao governo de Minas.
Em consequência dessa realidade, o prefeito de Contagem, Alex de Freitas, filiado ao PSDB, abandonou o barco no final do ano passado. Assim, na base tucana, o maior nome no que diz respeito aos municípios, no momento, é o prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas. Tendo assumido o posto no meio do ano passado, em substituição a Bruno Siqueira, ele não se manifesta, mas deverá aceitar o desafio de disputar a reeleição.
Até dezembro de 2018, o PT se vangloriava de ter o governador Fernando Pimentel como sua estrela maior. Agora, isso é passado. Os petistas estão fora das grandes prefeituras, como Belo Horizonte, Juiz de Fora, Uberlândia, Montes Claros, Ipatinga e Valadares. Inclusive, consta nos bastidores que os membros da legenda já desenvolvem uma ação para trabalhar pela eleição de prefeitos nas pequenas cidades.
A situação do MDB também não é confortável. Os emedebistas também estão fora dos maiores municípios do estado. E, para complicar, sua bancada foi reduzida na Assembleia no último pleito. Só para relembrar, o presidente da partido em Minas, Saraiva Felipe, ex-ministro da Saúde e um dos fundadores, não conseguiu sequer a reeleição. Para finalizar, todos se lembram que Antônio Andrade, vice-governador nos últimos 4 anos, também foi derrotado, mesmo com todo pseudo prestígio de vice.
O Democratas é outra legenda que não anda bem das pernas. Atualmente, só existe uma deputada do partido na Assembleia. Por lá, ainda se contabiliza uma fissura entre as lideranças do atual presidente estadual, o senador Rodrigo Pacheco, com o ex-presidente e atual presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Diante desse quadro, a aposta é de que os partidos menores, como o Novo, do governador Romeu Zema; o PSL, do presidente Jair Bolsonaro; o PSD, liderado em Minas pelo deputado federal Diego Andrade; e outros como PTB, PDT, Solidariedades, PPS cresçam a partir da eleição de vereadores em cidades mais distantes da região metropolitana.
Uma coisa parece certa: o Palácio da Liberdade, tido como um núcleo de influência em pleitos municipais no passado, em 2019 deve ficar de fora do embate. Pessoas próximas a Zema não querem discutir o assunto, já que a prioridade é concentrar nos compromissos de ordem financeira, tema capaz de consumir boa parte da agenda do chefe do Executivo e seus auxiliares.
Nesse cenário, os protagonistas podem ser os deputados estaduais. Eles recebem diariamente inúmeros prefeitos e vereadores e os tratam com um cuidado enorme. Isso certamente terá desdobramento na hora de disputar o pleito municipal. Um parlamentar majoritário, em determinado município, terá muito mais força do que membros do poder Executivo, cujos cargos, em sua maioria, são ocupados por pessoas técnicas e sem a devida aptidão política, com raras exceções.