As fake news têm gerado impacto negativo na sociedade. O assunto preocupa 85% dos empresários, de acordo com a pesquisa “Fake News: Desafios das Organizações” da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje). Contudo, 67% dos empreendimentos ainda não possuem estratégias contra o fenômeno, enquanto que 20% dizem ter estruturado setores internos ou contratado terceiros para acompanhar e conferir publicações relacionadas ao tema.
Outro agravante chama a atenção: o avanço tecnológico. Um estudo realizado pela Pew Research apontou que 51% de estudiosos da área acreditam que o desenvolvimento acelerado irá dificultar o controle das fake news. É o que explica o especialista em tecnologia e professor da Fundação Getúlio Vargas, Arthur Igreja. “Estamos vivendo a corrida contra a evolução de algoritmos de inteligência artificial capazes de gerar fake news que pareçam críveis e distribuí-las de forma eficaz, com um engajamento idêntico ao de um humano, porque isso aumenta o impacto da informação”.
Segundo o especialista, as mídias digitais intensificaram ainda mais o fenômeno. “Qualquer um se torna voz ativa na internet. Em uma rede social, por exemplo, um canal de TV passa a ser apenas um perfil, assim como qualquer pequena empresa ou indivíduo. Outro ponto é a falta de revisão e curadoria. Estamos em um estágio muito preliminar de correção automática e filtros que sejam capazes de verificar notícias falsas, além de posts ofensivos etc”.
As consequências da disseminação das fake news podem ser inúmeras. “Pode ser prejudicial tanto para o indivíduo quanto para a empresa. A notícia falsa faz com que o ser humano fique mal informado e nós temos uma parcela de pessoas que não confere a informação”, esclarece a diretora da WPB Consulting, voltada à gestão de crises, Patrícia Teixeira.
Ela explica ainda que existem três tipos de ruídos na informação. “A desinformação, que consiste em notícias falsas criadas para prejudicar alguém. A notícia falsa propriamente dita, compartilhada por uma pessoa sem intenção de prejudicar – isso inclui matérias e reportagens com erro de apuração. E a má informação, notícia que tem uma base real, mas que são editadas e disseminadas com a finalidade de causar danos”.
Por que compartilhamos fake news?
Segundo o psicólogo e especialista em psicoterapia psicanalítica individual, Bruno Almeida, as pessoas recebem a informação e as compartilha rapidamente por julgarem importantes. “Podemos analisar os gatilhos mentais que são ativados e que fazem com que o indivíduo compartilhe. Eles são decisões que nossa mente toma sem estar consciente. Um deles é a urgência e a novidade. Algo inédito que todos precisam experimentar, saber ou entender”.
Combate
O professor da FGV elucida que a principal maneira de parar as fake news é denunciando. “Facebook e outras redes já possuem esse recurso. A pessoa deve marcar a postagem como suspeita. Outra forma é conversar com amigos e familiares a fim de conscientizá-los da importância da veracidade das notícias”.
Ele acrescenta que, as notícias falsas são identificadas, assim como qualquer outra vinculada a uma rede social ou jornal tradicional. “Verificando mais fontes e ficando atento a sinais que não correspondem a um grande veículo jornalístico ou foi postada em um site de pouca repercussão. Outro comportamento comum é que a propagação aconteça com títulos sensacionalistas. O objetivo é que mais pessoas compartilhem sem verificar”.
Patrícia reforça que há um responsável a esse combate: o indivíduo. “As organizações podem expor a verdade e ser transparentes. Mas a pessoa tem que ter a curiosidade. A notícia que recebemos tem que ser conferida. Se há dúvidas, não compartilhe”.
Neste caso, voltamos à pergunta inicial. Quem vai parar as fake news? Eu, você, nós.