Quando a imprensa mineira anunciou no dia 12 de outubro, o resultado da primeira pesquisa do reconhecido instituto DataFolha, Alexandre Kalil, ao seu estilo, partiu imediatamente para o ataque. O candidato à Prefeitura de Belo Horizonte distribuiu nota à imprensa afiançando que não concordava com os números e mais: que as sondagens eleitorais feitas mediante patrocínio de sua campanha revelavam outros números, naturalmente desfavoráveis a João Leite.
Na verdade, a sucessão de BH, neste segundo turno, está caminhando no mesmo compasso no que diz respeito as intenções de votos. A diferença entre Kalil e João Leite oscila sempre em torno de 8%. No levantamento do Datafolha, os dados não se alteraram tanto: João Leite tem 36%, contra 29% de Kalil. Mas, em relação aos votos válidos os números são um pouco diferentes, o tucano pula para uma dianteira com 10% de diferença. E isso não é pouco, considerando a possibilidade de haver no dia 30 de outubro, uma média de 1,5 milhão de votantes. Todo o colégio eleitoral da capital chega à margem de 1,9 milhão.
Prisão pode ser explorada
Numericamente, a diferença entre João Leite e Kalil vem sendo mantida desde que foram reveladas as primeiras pesquisas no início desta disputa. Para alguns entendidos de política, esse pode ser o caminho trilhado até a data do pleito, sagrando João como prefeito da capital mineira. O contrário só aconteceria se algo, efetivamente, significativo fosse capaz de mudar o roteiro estabelecido. Os comunicadores de ambos os lados estão analisando algum tipo de tema que poderá esquentar ainda mais o debate a partir desta semana. Pessoas próximas a Kalil acham viável, na reta final, explorar a recente prisão do tucano Narcio Rodrigues por suspeita de corrupção quando ele era secretário de propalado Governo Anastasia.
Mas, se a briga caminhar para a veia da denúncia, isso facilitaria o grupo de João Leite a abordar temas polêmicos contra o representante do PHS, especialmente no que tange à série de acusações e processos contra ele. Ainda a respeito de possíveis definições para o mote de campanha, comenta-se nos bastidores da crônica política mineira, que os representantes do tucano querem saber o real motivo do apoio do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia a Kalil. Essa é uma informação que, até agora, não foi explicada, desmentida e muito menos confirmada em público pelo grupo do ex-presidente do Atlético Mineiro. A postura é como se ele tivesse algo a escamotear sobre esse assunto. Na semana passada, Kalil também recebeu apoio do deputado e candidato derrotado Marcelo Álvaro Antônio, ficando nítido uma realidade: aquele discurso de primeiro turno sob a égide de não ter político por perto foi rasgado nesta segunda etapa da disputa.
Alguns jornalistas chegam a comentar que a ausência dos programas de rádio e TV, nesta primeira metade de outubro, terminou sendo mais favorável ao tucano João Leite. Talvez por conta dessa percepção, o outro candidato deverá ser mais contundente a partir de agora. Mas, possivelmente ficando no âmbito das provocações, utilizando-se de assuntos genéricos.
O tucano em princípio não considera possível ataques mais pesados à cúpula do partido, especialmente com intuito de comprometer o presidente nacional da sigla, Aécio Neves, bem como o senador Antonio Anastasia, atleticano de primeira hora e sempre definido por Kalil como um cidadão de bem. No mais é espera pela decisão soberana dos inúmeros eleitores indecisos, pois eles serão capazes de alterar completamente o resultado das urnas.