Milhares de pessoas têm se reunido no Centro da cidade para desfrutar da Praia da Estação – evento que nasceu em 2010 como forma de reivindicar a utilização de espaços públicos – que comemora este ano a sua 5ª edição.
O encontro que é marcado pelas redes sociais já faz parte da agenda dos belo-horizontinos, principalmente no verão. E como 2015 não tem decepcionado quando o assunto é calor, a Praça da Estação é um dos points mais procurados. Por isso, encontrar uma árvore para chamar de sua e que te abrigue do sol escaldante não é uma tarefa nada fácil. Eu que o diga! Sim, estive por lá. Fui convidado por uma amiga que vai se mudar para a Bahia, e que decidiu fazer uma despedida na “Praia”. Eu não tinha nenhuma intenção de escrever a respeito do movimento, mesmo porque nem o conhecia, mas depois de vivenciá-lo é simplesmente impossível.
A Praia é um evento horizontal, ou seja, não tem um dono ou um organizador específico. São pessoas que se reúnem na praça para rir, conversar, tomar sol, beber, etc. Além disso, uma banda de carnaval toca aquele som de “responsa” e os participantes têm a opção de beber no “isoporzinho”, onde você mesmo compra e armazena a sua bebida. Ou, se preferir, você pode contar com a ajuda dos vendedores ambulantes, caso seja aquele tipo que só deseja curtir.
O encontro geralmente tem início por volta das 12h e não tem hora para acabar. Sendo assim, separe trajes de banho, protetor solar e guarda sol para se proteger. Até porque o movimento só dá uma “esfriada” quando chega o caminhão-pipa, com 8 mil litros de água para refrescar os participantes.
Desperdício de água?
No site da Copasa, a informação é de que em cada imóvel é instalado um hidrômetro e que a tarifa mínima dá direito a um consumo residencial de 6 mil litros de água por mês. A Praia utiliza 8 mil litros para aproximadamente 800 pessoas, por isso, mesmo em tempos de racionamento, não chega a ser um desperdício abundante. Apesar disso, nossa equipe tentou vários contatos com a empresa para que pudéssemos esclarecer mais sobre o assunto, mas até o fechamento da matéria não obtivemos nenhum retorno.
A estudante e participante fiel do evento, Lorena Cristina, conta que as pessoas são obrigadas a encomendar um caminhão-pipa, já que as fontes da praça estão desativadas. “Caímos em um paradoxo. BH é uma cidade árida, com poucos espaços de lazer e praças com água disponível. A da Estação era a única em que podíamos nos molhar, e estamos em pleno verão que extrapola o clima normal. Li que o agronegócio é muito mais responsável pelo desperdício do que o abastecimento da população”, informa.
Lixo na praça
Em nota, a assessoria de Comunicação da Regional Centro-Sul diz que na última edição do movimento foi possível verificar um volume maior de lixo na praça. “As equipes providenciaram o recolhimento e a varrição. Como se trata de manifestação cultural e não de um evento, a legislação pertinente não responsabiliza os manifestantes a fazerem a limpeza do local. Porém, conforme as normas legais, eles devem preservar os bens públicos e privados”.
Cientes desse problema, os próprios participantes têm pensado em alternativas para solucionar a questão, eles inclusive criaram nas redes sociais a #lixozero para alertar sobre a importância de manter o espaço limpo.
Para Lorena, o lixo deixado é mesmo uma questão de conscientizar as pessoas. “Durante o movimento, vejo que é dado enfoque sobre a limpeza, mas, como o encontro tem crescido muito, não é possível ter o controle absoluto. Podemos dividir a culpa em 50%. A Praia não tem nenhuma infraestrutura para absolutamente nada. Não existem lixeiras suficientes e a galera já é negligente quanto ao lixo”, declara.
De acordo com a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) há 15 lixeiras na Praça da Estação. “Quando há licenciamento de eventos, é avaliada com o promotor a instalação de cestos ou contêineres complementares segundo a dimensão da festa”, finaliza.