Atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais é o segundo estado que possui pequenas empresas comandadas por mulheres. De um total de 1,9 milhão dos negócios ativos, 40,96% são liderados pelo sexo feminino, segundo dados do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica e do Cadastro de Pessoa Física da Receita Federal. Porém, elas ainda possuem muitos desafios. A administração do seu empreendimento é uma das principais dificuldades enfrentadas. A resposta foi dada por 28% das entrevistadas da pesquisa “Mulheres Empreendedoras 2024”, realizada pela Unidade de Inteligência Estratégica (UNIE) do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas).
Outra dificuldade delas em seus negócios são de fidelizar clientes, apontada por 25% das mulheres. Estabelecer metas e planejamento (16%), pensar fora da caixa e inovar (15%), compreender o mercado em que atua (8%) e liderar/gerir a equipe (7%), também foram apontados. Segundo a pesquisa, 70% das entrevistadas são responsáveis pelas tarefas domésticas e 53% delas relataram dificuldade moderada a alta para conciliar a gestão do negócio com os afazeres domésticos.
De acordo com a analista técnica da UNIE, Tábata Moreira, essa jornada dupla acaba atrapalhando o crescimento do negócio. “Elas não conseguem lidar com várias tarefas, como gerir a empresa e a ainda cuidar dos afazeres domésticos. Outros estudos também apontam a dificuldade das mulheres em falar em público, ter uma boa comunicação, além de construir uma rede de contato essencial para alavancar o empreendimento. Muitas fazem essa gestão em um caderno, o que fica muito difícil o acompanhamento do próprio negócio”.
Outra dificuldade apontada por Tábata é o acesso a crédito em instituições financeiras pela falta de um histórico financeiro da empresa. “Percebemos que algumas delas nem conseguem crédito pelo seu CNPJ. E também não dispõem de recursos para poder garantir ao banco que elas têm condições de arcar com esse empréstimo. Isso gera um ciclo difícil de romper e que é limitante para que as mulheres alavanquem os seus negócios”.
Única fonte de renda
Ainda de acordo com a pesquisa, 74% das entrevistadas responderam que o negócio é a principal fonte de renda. Durante o mês de março, o Sebrae Minas vai promover a campanha “Compre de uma Mulher”. A iniciativa visa apoiar o empreendedorismo feminino. A analista Arielle Alexandria explica que além de valorizar os negócios liderados por mulheres, a campanha servirá para uma quebra de barreiras. “Conscientizar as pessoas que a maioria das mulheres que são donas do seu próprio negócio tem a renda dele como única fonte”.
Motivações para empreender
O levantamento do Sebrae Minas perguntou quais seriam as principais razões para iniciar o próprio negócio. 33% das entrevistadas responderam que a realização pessoal/paixão pelo o que faz é o principal motivo para empreender. Maior flexibilidade de horários (28%), falta de oportunidades de emprego (8%), oportunidade de mercado (14%), conciliar o trabalho com o cuidado dos filhos (12) e complementar a fonte de renda (6%), também foram citados.