Este mês se inicia a campanha Novembro Azul. Por esse motivo, o Edição do Brasil, nessas próximas semanas, vai apresentar um especial sobre os quatro tipos de cânceres mais frequentes no homem. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa mundial revela que o de pulmão (14,5%), próstata (13,5%), cólon e reto (10,9%) e estômago (7,2%) são os tipos mais recorrentes.
O Inca estima que, para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 30.200 novos casos de câncer de pulmão, traqueia e brônquio, sendo 17.760 ocorrências em homens.
Segundo o instituto, essa é a principal causa de morte por câncer, entre homens e mulheres, representando aproximadamente 25% dos óbitos. Anualmente, morrem mais pessoas desse tipo de doença do que do colorretal, da mama e da próstata combinados.
Ainda de acordo com o Inca, a chance de um homem desenvolver câncer de pulmão é de cerca de 1 em 15, enquanto para uma mulher, esse risco é de 1 em 17. Esses números incluem tanto os fumantes quanto os não fumantes.
A oncologista Flávia Amaral Duarte afirma que a prevalência de homens tabagistas ainda justifica a maior incidência dessa doença neles, quando comparado a mulheres.
O tabagismo é o principal fator de risco, sendo responsável por 90% dos casos. Entre os outros motivos que devem ser considerados estão a exposição a certos agentes químicos (asbesto e arsênico), a metais pesados (níquel e cromo), os agentes genéticos, a presença de doença obstrutiva crônica, como enfisema pulmonar e bronquite, e histórico familiar.
A doença
A patologia ocorre, principalmente, em pessoas mais velhas. A maioria dos pacientes detectados com o câncer tem 65 anos ou mais, enquanto um pequeno percentual de casos é identificado em indivíduos com menos de 45 anos. A idade média no momento do diagnóstico é de 70 anos.
Flávia explica que o câncer de pulmão é um nome único para diferentes doenças com prognóstico e tratamentos diversos. “De forma geral, podemos dividi-lo em câncer de pulmão de pequenas células e câncer de pulmão de não pequenas células, sendo este responsável por cerca de 85% das ocorrências. O último é ainda subdividido em câncer de pulmão de células escamosas, não escamosas e outros subtipos”.
Conforme a oncologista, o câncer tem origem em uma diferenciação aberrante das células do próprio órgão. “Podendo assim, não só comprometer sua função pelo crescimento de massas em si, reduzindo a capacidade ventilatória do pulmão, mas também comprimindo estruturas nobres, como vasos e brônquios, levando à produção e ao acúmulo de líquido pleural ou mesmo o inflamando, prejudicando a troca gasosa e oxigenação sanguínea”.
Diagnóstico e tratamento
Segundo Flávia, a suspeita da doença surge pela realização de exames de imagem, principalmente a tomografia computadorizada do tórax. “Segue-se, com uma biópsia dessa área para avaliação de células ao microscópio e confirmação do diagnóstico”.
Os sintomas, geralmente, aparecem quando o câncer já está em estágio avançado e incluem: tosse ou mudança no padrão da tosse do fumante; dispneia (falta de ar); dor torácica; perda de peso; cansaço e presença de sangue no escarro.
A oncologista destaca ainda que não existe um tratamento único para o câncer de pulmão e que é fundamental o entendimento de cada paciente e cada doença para que o plano terapêutico seja construído de forma personalizada. “Temos várias modalidades: a cirurgia como tratamento curativo, acompanhada de cuidado sistêmico, se necessário; a radioterapia, também com intuito de controle local da doença. E, do ponto de vista medicamentoso, são inúmeras as possibilidades, desde a quimioterapia tradicional até drogas mais modernas, como imunoterapia e terapias-alvo”.