O primeiro semestre de 2021, o Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m²) do setor de construção civil em Belo Horizonte cresceu 12,39%. A porcentagem representa a maior alta para o período em 26 anos. O índice mostra que a despesa com material continua pressionando o ramo tanto que, nos seis primeiros meses, esse gasto atingiu alta de 20,91%. Os dados foram calculados e divulgados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
O aumento supera as elevações observadas no Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M/ FGV), que registrou alta de 15,08% no primeiro semestre. Também no acumulado de 12 meses, encerrados em junho de 2021, o custo com materiais de construção subiu 41,20%, a maior alta para o período dos últimos 26 anos.
Só em junho deste ano, o gasto com material cresceu 2,86%. No mesmo período do ano passado, a alta foi de 0,70%. Diversos insumos apresentaram elevações expressivas, como é o caso do tubo de ferro galvanizado, cujo preço subiu 13,92%. Só o aço CA-50 10mm majorou 58,28% no primeiro semestre. No acumulado de 12 meses, os aumentos são ainda mais significativos: aço CA 50-10mm (132,63%), fio de cobre (124,45%) e tubo de ferro galvanizado (60,33%).
A assessora econômica do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos, atribui esse acréscimo à elevação de cerca de 20% no custo com materiais. “É importante ressaltar que a despesa com os insumos corresponde a aproximadamente 48% da construção de edificações de padrão normal de acabamento. Assim, suas altas refletem diretamente no aumento geral do setor”.
Ela acrescenta que o cálculo do CUB/m² não mensura a influência da pandemia, especialmente com material. “Apuramos, mensalmente, esse custo e, naturalmente, uma parte das altas pode estar relacionada a esse fator. Entretanto, essa não é a causa exclusiva de acréscimos tão consideráveis. Existem questões internas de cada indústria e cabe a elas a justificativa dos motivos que as levaram a subirem os preços”.
Ieda ressalta que essas elevações podem comprometer o ciclo de retomada das atividades do setor, particularmente nas obras públicas, caso não aconteça um reequilíbrio econômico nos contratos. “Os projetos já iniciados poderão ser inviabilizados, isso porque esses aumentos, na proporção que estão acontecendo, eram impossíveis de serem previstos e as construtoras não conseguem mais absorver as altas”.
Giovanni Ribeiro, especialista no setor imobiliário, afirma que devido aos custos mais elevados, os novos empreendimentos também sofreram reajuste. “Automaticamente, os construtores repassaram esse valor para o consumidor e, assim, o mercado vem sofrendo bastante oscilação. No entanto, alguns fatores têm contribuído para que as vendas não sofram queda como o fato do governo ter facilitado na hora de financiar e os bancos que têm proporcionado taxas competitivas. Outro ponto é que o cliente tem buscado por conhecimento antes de adquirir um imóvel”.
Já o vice-presidente das incorporadoras da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Daniel Katz, observa que a inflação tem feito alguns clientes acelerarem a compra. “Isso porque muitos acreditam que o preço possa até parar de subir, mas poucos creem que ele vai diminuir, o que impacta bastante no fechamento de novos negócios. Torcemos para que a alta aconteça em uma velocidade menor. Não vemos nenhum sinal de que ela vai parar, mas a expectativa é positiva, principalmente porque a taxa de juros segue baixa”.
Ieda confirma que, no momento, não existe nenhuma sinalização de queda. “Considerando que a construção civil é um setor importante para a economia, qualquer fator que prejudique o seu desempenho reflete diretamente no desempenho da atividade do país”.