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Intoxicação por produtos de limpeza cresceu 23% este ano

Manter a casa limpa tem sido uma preocupação constante entre as famílias em meio à pandemia e esse reforço no zelo fez crescer o número de intoxicações por produtos de limpeza. Entre os adultos, esse índice subiu 23,3% este ano, já entre as crianças o aumento foi de 6,01%.

A toxicologista Carolina Gimenez explica as principais causas de intoxicação por itens de limpeza. “A exposição por via oral pela ingestão dos produtos, vias respiratórias devido à inalação de vapores tóxicos provenientes de algumas substâncias presentes neles, e também por contato diretamente com a pele”.

Segundo a especialista, quando intoxicada, a pessoa pode apresentar dores de cabeça, enjoos, vômitos, tosse, irritação de olhos, nariz e coceiras, além de queimaduras na pele. “A intoxicação pode ser grave e isso depende do tipo de produto usado. Derivados do hidróxido de sódio (soda cáustica), por exemplo, podem causar danos irreversíveis ao sistema gastrointestinal”.

Ela acrescenta que o hipoclorito de sódio, popularmente conhecido como água sanitária, pode liberar o gás cloro, que é tóxico e causa o bloqueio das vias respiratórias e morte por asfixia em casos mais severos.

Carolina orienta que quando há contato do produto com a pele ou olhos, o indicado é lavar o local com água corrente por 10 minutos. “Em caso de ingestão, o indivíduo não deve provocar o vômito ou beber leite, pois isso pode prejudicar mais a intoxicação. Já quando ocorre inalação, a pessoa deve ser retirada do local onde há o produto químico e ser levada para um ambiente arejado e com ar puro”.

Em todas as ocorrências é recomendado buscar auxílio médico para avaliar possíveis danos. “O tratamento vai variar de acordo com a via de exposição, o tipo de produto químico causador e os sintomas apresentados. Por isso, ter informações sobre o item é importante, pois acelera a tomada de decisões”.

A dona de casa Paloma Rezende passou por um quadro de intoxicação. Ela recorda que ao manusear o produto ainda no supermercado sentiu um desconforto, porém ignorou e o levou. “Nunca tinha comprado o desinfetante daquela marca. Eu o abri no supermercado para sentir o cheiro e me lembro que meus olhos lacrimejaram, mas comprei mesmo assim”.

Quando ela utilizou o produto, entrou em um quadro de intoxicação. “Assim que joguei no chão e comecei a mexer, meus olhos voltaram a lacrimejar e senti falta de ar. Rapidamente abri a casa, mas continuei me sentindo mal e meu marido me levou para o hospital. Fiz alguns exames e, por sorte, não chegou a machucar nada por dentro, fiquei em observação e fui liberada”.

Dicas

A toxicologista dá dicas de como evitar a intoxicação. “O ideal é armazenar itens de limpeza em locais seguros, longe do alcance das crianças, verificar e seguir todas as indicações de uso descritas nos rótulos das mercadorias”.

Ela acrescenta que é importante saber a procedência do produto ao comprá-lo. “A pessoa não deve misturar diferentes itens, além disso, é preciso deixar o local de aplicação deles bem arejados. As embalagens não devem ser reaproveitadas e, em caso de exposição, buscar ajuda especializada o mais rápido possível”.