No sábado, dia 13, um acidente com um monomotor surpreendeu Belo Horizonte. Por volta das 15h, o avião caiu no bairro Caiçara, na região Noroeste da capital, matando o piloto Francisco Fabiano Gontijo, 47 anos. Entretanto, esse tipo de acontecimento está se tornando cada vez mais comum no Brasil. Segundo dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), apenas neste começo de ano já foram registrados 54 acidentes com aeronaves em território nacional. Para se ter uma ideia, ao longo de 2018, as quedas somaram 166.
Para falar sobre a segurança desse tipo de aeronave, o Edição do Brasil conversou com Carlos Conrado Pinto Coelho. Ele é coronel aviador da Força Aérea aposentado, piloto de linha aérea e acrobacia, além de instrutor de voo, checador de piloto civil e especialista em prevenção e investigação de acidentes.
Por que os acidentes com monomotores são mais frequentes do que os da aviação comercial?
Os acidentes com aeronaves de pequeno porte são mais frequentes, pois a quantidade desses modelos aéreos é maior e uma parte deles são pilotados por pessoas com menos experiência.
Podemos dizer que viajar de monomotor é perigoso?
Não, viajar em pequenas aeronaves não é perigoso desde que o piloto siga bem as regras, conheça as limitações de sua aeronave e respeite as informações que recebe de tráfego, meteorologia e segurança de voo. Mas essa exigência serve para aeronaves de qualquer porte.
Quais são as principais causas desses acidentes?
As principais causas de acidentes são falhas operacionais, de manutenção e condições meteorológicas adversas. Ou seja, na maioria dos casos, são falhas humanas.
Quando uma pessoa está apta para pilotar um monomotor?
A carreira de um piloto começa em uma escola com aulas e provas teóricas. Depois disso, ele é avaliado e começa a instrução prática. Após uma série de aulas de conhecimento básico e cumulativo, a pessoa é novamente avaliada e, se aprovada, recebe o brevet, uma autorização para voar sozinho e sem o instrutor.
Para seguir na carreira e ser remunerado na atividade, o aluno tem que ter a qualificação de piloto comercial, que se dá somente após 200 horas de voo. Ele precisa ter condições de voar por instrumentos, ou seja, é necessário ser qualificado para voar em condições meteorológicas adversas. O próximo passo é ser piloto de linha aérea, que requer aprovação em exames teóricos e práticos.
É válido ressaltar que desde a concessão do brevet, o piloto está apto a voar com monomotores. Já para alçar multimotores, somente com provas teóricas e práticas. As avaliações são obrigatórias e anuais até os 45 anos, com exames teóricos, práticos (mínimo exigido de 70%) e aptidão física. Após essa idade, os exames físicos passam a ser de 6 em 6 meses e todas essas normas são respeitadas e fiscalizadas.
Como é fiscalização desses aviões?
A fiscalização fica por conta da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), é aleatória e pode acontecer a qualquer momento ou programada em cada região. O operador e o piloto que não tiverem com seus documentos e os de sua aeronave em dia são punidos.
Como funciona os aeroportos que recebem esses aviões menores?
Em todos os aeroportos controlados há fiscalização. Para os outros, o Serviço Regional de Aviação Civil (Serac) realiza o monitoramento periódico e aleatório. Todo voo tem que ter um plano de voo, seguir as regras de tráfego e obedecer a fiscalização dos órgãos gestores, podendo ser interceptados, aprendidos ou multados se deixarem de seguir as normas.
Seria possível reduzir os números de acidentes com monomotores?
Reduzir os acidentes é sempre uma meta do Cenipa e é feito a partir de palestras, encontros de segurança e cursos de formação de agentes de segurança.