Depois do 7 de setembro, vamos festejar a segunda data mais simbólica e cívica do país: o 21 de abril. É de se lembrar a Conjuração Mineira, ou Inconfidência Mineira, que seria deflagrada no dia da derrama de 1789.
A Inconfidência Mineira, transformada em caráter republicano e separatista, por causa da insatisfação fiscal praticada por Portugal, de fato teve como objetivo a independência de Minas Gerais. Ela se passou em Villa Rica, com a participação de vários intelectuais da elite, abonados economicamente. Entre eles, Cláudio Manuel, Alvarenga Peixoto, Tomás Gonzaga, padre Rolim e o militar Joaquim José da Silva Xavier (1746/1792), o Tiradentes. Traídos, foram descobertos pelo governo da província, que instalou os Autos de Devassa da Inconfidência Mineira. Julgados, muitos seriam condenados à forca. Antes do cumprimento da sentença, por interseção da rainha Dona Maria I, cognominada de “A Piedosa”, e depois de “A Louca”, pela sua demência (hoje comparada ao do mal do Alzheimer), a maioria foi conduzida ao exílio, e Tiradentes, que havia assumido a culpa, condenado à forca. No dia 21 de abril de 1792 o alferes, conspirador e mártir, foi enforcado e esquartejado no Campo da Lampadosa, no Rio de Janeiro, hoje praça Tiradentes. Partes de seu corpo foram espalhadas por Villa Rica para “servir de exemplo e evitar novas rebeliões”.
Com o advento da República, precisou-se escolher um herói para o país. Veio a presença de Tiradentes, e o 21 de abril passou a ser uma data de relevância para lembrar a liberdade, a cobrança excessiva de impostos e, de certa forma, a corrupção. A Inconfidência Mineira foi a primeira manifestação de grande valia na colônia pela nação independente.
Para comemorar a data, no ano de 1951, o major PM médico Paulo Penido, amigo do governador Juscelino Kubitschek, deu a ideia de criar a “Ordem de Tiradentes”, para homenagear aqueles que prestaram relevantes serviços a Minas Gerais. Heraldista, o futuro Cel. Penido confiou ao desenhista Marbi Rocha, filho de seu auxiliar, sargento Hermes Rocha, o desenho preciso de uma das mais belas honrarias, não só do Brasil, mas do mundo, a Medalha da Inconfidência, cujo lema é Libertas Quae Sera Tamen. O texto base do estatuto ficou a cargo do primo amigo de Penido, o notável historiador Augusto de Lima Júnior. O Projeto de Lei n. 311/1952 foi confiado ao chefe da Secretaria da Assembleia Legislativa, amigo particular de Penido, Bráulio Aquino Vaz, e entregue ao deputado Valdir Lisboa (PTB), que o levou para aprovação do Plenário, transformando-se na Lei n. 882, de 28 de julho, sancionada por JK, criando a Medalha da Inconfidência em três categorias: a Insígnia da Inconfidência, hoje Medalha da Inconfidência, a Medalha de Honra da Inconfidência e a Grande Medalha da Inconfidência. Décadas depois foi incluído o Grande Colar da Inconfidência, para agraciar chefes de Estado/governo e dos demais Poderes da União.
Neste dia 21 de abril comemoram-se 40 anos da morte do presidente Tancredo de Almeida Neves (1910/1985), o primeiro da redemocratização do país pós-governo civil/militar, eleito em 1985 pelo Congresso. Lamentavelmente, Tancredo não chegou a chefiar a Nação; poderíamos ter tido a oportunidade de outros rumos, ao contrário do qual chegamos agora. Ao mineiro de São João del-Rei nossas honras!
Por esta política insalubre, precisamos de novos Felipe dos Santos, Tiradentes e inconfidentes, José Bonifácio, Pedro (I) e Leopoldina (a princesa que assinou a independência, depois apoiada pelo marido, o príncipe regente do Reino do Brasil, ligado ao Reino de Portugal, Brasil e Algarves, que levantou a espada pela “Independência ou Morte”). Acorda! Levanta, Brasil, dessa letargia “gigante pela própria natureza”!