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Empresários acreditam que mudanças na tributação vão impactar os negócios

Apoio do contador será importante no processo – Foto: Pixabay

Segundo dados da Sondagem Omie das Pequenas Empresas, realizada com líderes de CNPJs optantes pelo Simples Nacional, 65% dos respondentes acreditam que as novas regras implementadas pela reforma tributária afetarão diretamente seus negócios. Além disso, 26% dos entrevistados não sabem avaliar o impacto da reforma, enquanto apenas 9% acreditam que ela não terá influência no dia a dia.

O economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, Felipe Beraldi, explica que as mudanças no sistema tributário brasileiro trarão impactos significativos à competitividade das pequenas empresas, especialmente as que atuam no segmento de negócios entre empresas. “Além de alterar a carga tributária de setores, a reforma introduzirá um sistema de creditamento tributário mais amplo para as cadeias produtivas, exigindo maior planejamento dos empreendedores. Assim, os principais desafios envolverão a reavaliação de fluxo de caixa, capital de giro, regime tributário, cadeia de fornecimento e precificação”.

Uma das principais alterações que devem impactar esses negócios é a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). De acordo com o levantamento, 59% dos empresários têm conhecimento da unificação das cobranças de ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins e do fim da cumulatividade de impostos. Beraldi destaca que empresas que permanecerem no Simples Nacional precisarão recolher esse imposto separadamente para gerar e se apropriar de créditos tributários em sua totalidade.

“Isso exigirá uma organização estruturada para gerenciar esse processo de forma adequada, com o objetivo de que seja tomada a melhor decisão para o negócio”.

A transição para o novo sistema tributário será gradual, com início em 2026 e conclusão prevista para 2033, quando a reforma tributária estará plenamente em vigor. Durante esse período, haverá um regime de convivência entre o sistema atual e o novo, o que exigirá atenção dos gestores e de seus contadores. A pesquisa revelou que 75% das pequenas empresas consideram o profissional contábil essencial durante essa transição.

“O contador tende a assumir o papel de consultor do cliente, orientando-o sobre as melhores opções disponíveis com a introdução da reforma. Esse profissional precisará guiar o empresário na implementação das novas regras, mantendo-se atualizado e investindo no próprio conhecimento e no de sua equipe. Dessa forma, estará mais preparado para esclarecer dúvidas e apontar os melhores caminhos já na fase de transição, garantindo que, quando a reforma entrar em vigor em sua totalidade, os empresários estejam devidamente preparados”, pontua Beraldi.

Os empresários também devem ficar atentos à evolução da regulamentação e aos potenciais impactos específicos sobre seu segmento de atuação. O economista reforça a importância de organizar as informações financeiras dos negócios e de uma maior aproximação com os contadores. “Essa adaptação precisa começar o quanto antes. Deixar para a última hora pode representar um risco significativo para a competitividade, o fluxo de caixa e as relações com fornecedores e clientes, ou seja, para a sobrevivência do negócio”.

Ele destaca ainda que as mudanças no recolhimento de impostos podem trazer mais oportunidades para as pequenas e médias empresas brasileiras. “Diversos estudos econômicos desenvolvidos no último ano indicam que a Reforma Tributária deverá gerar efeitos positivos sobre o PIB potencial do país no médio e longo prazo. A redução de custos, a melhoria na gestão financeira, a criação de um ambiente de negócios mais justo e a facilitação do acesso a créditos são algumas das oportunidades que podem surgir. O mecanismo de funcionamento do IVA visa eliminar a cumulatividade dos impostos e criar um ambiente mais amplo de créditos tributários ao longo das cadeias produtivas”.

“A necessidade de conformidade com o novo sistema tributário pode incentivar pequenos negócios a adotarem soluções tecnológicas, como softwares de gestão financeira e tributária, que aumentam a eficiência operacional e a capacidade de análise de dados”, conclui.