Terminada a recente eleição para prefeito de Belo Horizonte, com a disputa Fuad X Engler, podemos ter a leitura de que a cidade está dividida entre mudar ou não. Afinal, foram apenas 3,73% de diferença entre o vencedor e vencido, deixando claro que é grande o número de eleitores que não está satisfeito com a gestão da cidade. Insatisfação não com o prefeito reeleito, mas acima de tudo com as muitas decisões não tomadas nos últimos anos que permitiu chegarmos à situação de cidade quase inviável. A sujeira das ruas, a pichação dos prédios, o trânsito infernal, o atendimento à saúde, à educação, os moradores de rua, um sem fim de problemas urbanos a demonstrar que não temos boa administração há muitos anos. Um roteiro e tanto para o prefeito eleito enfrentar e quem sabe vencer. É muito desafio para ser superado em apenas uma gestão, mas alguns passos precisam ser dados. O primeiro, muito necessário, é buscar união política em torno do novo mandato, criando condições para administrar.
O início de obras para a locomoção dos moradores me parece a mais urgente, já que a última grande obra que a cidade teve foi a construção do túnel da Lagoinha, no tempo de Hélio Garcia como prefeito, há mais de 40 anos. Outra que pode ser citada foi o alargamento da Avenida Antônio Carlos, obra da Copa do Mundo, feita por Márcio Lacerda com dinheiro federal. A alternativa de túneis, apesar de caros, precisa ser pensada. Uma cidade de tantos morros não pode excluir esta solução de engenharia para superar tal problema. Exemplos estão a nos mostrar o caminho e o Rio de Janeiro o buscou. Outras cidades do mundo assim o fizeram, e resolveram a questão, além do mais óbvio, o metrô subterrâneo. Se imaginarmos que a cidade, e sua região metropolitana, emplacam mais de cem mil carros novos por ano, conseguimos enxergar o tamanho do engarrafamento provocado. Bem dizia um candidato nestas eleições: “Belo Horizonte tem mais carros que habitantes”. Pode ser verdade.
Outro problema que enfrentamos é o desamor por BH. A sujeira de suas ruas, a pichação dos prédios, os buracos nos passeios, a desordem visual da cidade e a falta de humanidade com seus moradores de rua, nos traz a natural rejeição pela cidade que no passado gostávamos de chamar de jardim. Cidade Jardim. As questões de saúde, educação e atendimento social falam por si, assim como as favelas carentes de saneamento e urbanização. Já passou da hora de legitimar, dar titularidade aos moradores de suas propriedades nas diversas comunidades pobres, permitindo que eles próprios busquem a solução para morar melhor. Fica para o prefeito eleito, Fuad Noman, uma gama enorme de trabalho a ser realizado, mas que não irá desanimá-lo, afinal, como ele mesmo disse: “trabalho e obras é o que sei fazer”. Mãos à obra prefeito e boa gestão.