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A importância da família na escolha do esporte dos filhos

28% dos jovens praticam 300 minutos ou até mais de atividade física / Foto: Antônio Cruz-Agência Brasil

 

De acordo com o último estudo feito pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 28,1% dos estudantes brasileiros de 13 a 17 anos de idade praticam 300 minutos, ou até mais, de atividade física, sendo classificados como fisicamente ativos. Dessa categoria, 38,5% são do sexo masculino e 18%, do sexo feminino.

Cerca de 61,8% dos alunos foram classificados como insuficientemente ativos, demonstrando que esses escolares praticam algum tipo de esporte (entre 1 e 299 minutos); e 8,7% como inativos, revelando que não dedicam nem um minuto para realizar atividades físicas.

A ex-atleta Rosicleia Campos pontua que a motivação que os pais podem oferecer é um componente essencial no crescimento esportivo do jovem. “Quando uma criança se sente apoiada, isso gera autoconfiança e pode ser a diferença entre vencer e perder”.

A psicanalista Lorenza Coelho ressalta que o esporte desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da saúde mental e intelectual das crianças. “Promove o bem-estar emocional ao liberar endorfina, aliviando sintomas de ansiedade; melhora o humor e aumenta a autoestima, ajudando o jovem a lidar com frustrações e desafios diários. Além de favorecer a socialização”.

“E o apoio familiar, em uma fase inicial do desenvolvimento esportivo, é fundamental para que a criança se sinta segura e motivada a explorar seus dons na modalidade que escolher. Este suporte faz com que ela pratique a atividade de forma tranquila, nutrindo valores como disciplina, persistência e trabalho em equipe. A família que apoia, sem condicionar o carinho ou a aceitação a um bom desempenho, cria um ambiente seguro para esse jovem”, acrescenta.

Porém, a profissional destaca que os pais precisam desenvolver uma escuta ativa e empática e tentar enxergar o jovem como um indivíduo com vontades próprias. “Toda criança é genuína ao demonstrar reações, por isso, é importante levá-las em consideração. Na maioria das vezes, os pais tendem a projetar nos filhos desejos ou sonhos pessoais, podendo gerar uma pressão na criança”.

“E isso pode interferir na formação da individualidade e autonomia, já que ela tem que se adaptar às expectativas e aos valores dos pais. Isso acontece, por exemplo, quando há uma imposição de normas excessivas, falta de espaço para a expressão espontânea, ou até quando a criança se sente constantemente pressionada a atender expectativas que não refletem seus interesses. Esse ambiente inibe a capacidade de se entender e se expressar livremente, podendo levar a conflitos internos e inseguranças duradouras”, esclarece.

 

Excesso de cobrança

Segundo a psicanalista, o excesso de cobrança pode gerar uma série de problemas emocionais e psicológicos. “Como ansiedade, baixa autoestima, medo de fracassar e até desinteresse pela atividade em questão. Geralmente, quando a criança se sente constantemente avaliada e pressionada a atingir altos padrões, ela pode desenvolver uma percepção distorcida de que só será aceita e amada se for bem-sucedida. Isso limita o seu potencial para explorar e errar, o que é comum e essencial para o aprendizado saudável. Em casos mais graves, essa pressão pode resultar em problemas de saúde mental, como depressão e transtornos de ansiedade”.

“Os pais devem incentivar e não pressionar, principalmente, no que tange resultados. Eles devem estar ao lado da criança nas conquistas e nas frustrações, validando suas experiências e respeitando seus limites. Valorização do processo, e não apenas do resultado, ajuda o jovem a desenvolver autoconfiança e resiliência, sem se sentir obrigado a sempre ser o melhor”, pontua Lorenza.

 

Incentivo

O adolescente Thalysson Fernandes, de 13 anos, pratica futebol desde 2017. Ele conta que não teve influência dos pais na escolha do esporte, já que gosta da modalidade. “Mas, eles me incentivam indo junto comigo para os jogos e treinos e mostrando os benefícios da prática esportiva, como na questão da saúde, já que temos que ter uma alimentação balanceada”, afirma.