A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou para 3% a previsão de crescimento econômico do setor para 2024. No fim de março, a CBIC já havia elevado de 1,3% para 2,3% o prognóstico para alta da construção para o período. O índice fica acima das previsões de 2,15% para o Produto Interno Bruto (PIB) para este ano.
Segundo a instituição, as razões para essa nova análise são: a projeção positiva para o crescimento da economia brasileira no ano, de 1,85% no final de março de 2024 para 2,15%, conforme relatório Focus; a resiliência do mercado de trabalho nacional, com mais de 1 de milhão de novas vagas com carteira assinada criadas até o fim de maio. Além do incremento mais forte do financiamento imobiliário com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); e as expectativas mais positivas dos empresários para novos lançamentos imobiliários, para maior geração de emprego e compra de insumos.
A economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, pontua que a construção volta a avançar em patamar acima da economia brasileira, confirmando a expectativa do setor. “Crescemos além da economia em 2021 e 2022; e em 2024, há sinalizações de que vamos voltar a crescer. Isso, inclusive, ajuda a fortalecer a indústria como um todo”.
Já o presidente da CBIC, Renato Correia, afirma que a construção civil realmente é um segmento de base que influencia 97 setores da economia. “Quando vemos as condições convergindo para um número melhor, entendemos que é mais emprego, mais renda, mais habitação e infraestrutura no nosso país que tanto precisa”.
Mercado de Trabalho
Conforme dados do Novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a construção civil, nos primeiros cinco meses de 2024, criou 159.203 novos postos de trabalho com carteira assinada. O resultado do mercado formal, de janeiro a junho, foi o melhor observado, para o período, nos últimos 12 anos. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Goiás foram os cinco estados que registraram maiores índices. Minas criou 21.111 novas vagas no setor.
Correia pontua que a construção é um segmento que emprega rápido, com salário inicial muito interessante e mantém esse emprego por muito tempo. “Porque as obras são de médio e longo prazo, e tem uma perspectiva de longevidade, tanto em habitação quanto em infraestrutura”.
De acordo com levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com dados da Receita Federal, somente em junho deste ano, mais de 24 mil novas empresas da construção foram abertas de Norte a Sul do país.
“O segmento é um indutor de desenvolvimento para os demais setores da economia. Essa perspectiva é vista como uma oportunidade de reforçar a participação de pequenos negócios do segmento”, revela Carlinho Santos, gestor Nacional de Casa e Construção do Sebrae.
Desafios
Segundo a CBIC, o setor terá alguns desafios, como a reforma tributária que poderá vir a onerar ainda mais o segmento; falta de mão de obra qualificada e não qualificada; altas taxas de juros que reduzem o volume de recursos para o financiamento imobiliário; e alternativas de fundings para o crédito imobiliário. Além do custo da construção em patamar muito elevado; insegurança jurídica e burocracia; incertezas nos cenários doméstico e internacional; e a sustentabilidade do FGTS.
O consignado e o saque-universitário já retiraram mais de R$ 100 bilhões do FGTS, conforme o presidente da CBIC. “Isso é um problema que está posto. Precisamos de muita atenção, pois esse não é o mecanismo de crédito para as pessoas físicas. O Fundo de Garantia é uma salvaguarda para as demissões, é onde o trabalhador busca recursos”.
“E essa antecipação de crédito dado ao trabalhador, a juros próximos de 20% ao ano, traz um prejuízo para habitação subsidiada gigantesca e para o próprio empregado. Ela impacta diretamente no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da habitação e precisamos reverter isso”, finaliza Correia.