Dados do Painel de Acidentes de Trânsito, elaborado pelo Observatório de Segurança Pública, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) mostram que 94.223 acidentes de trânsito já foram registrados em Minas Gerais nos quatro primeiros meses de 2024, sendo que 44.596 tiveram como causa presumida a falta de atenção. As cinco vias onde mais aconteceram os incidentes foram: Anel Rodoviário (1.729), Avenida Cristiano Machado (1.617), Avenida do Contorno (1.076), Avenida Amazonas (873) e Avenida Presidente Antônio Carlos (843).
O diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra, avalia que o uso do smartphone enquanto dirige é a principal causa das falhas de atenção. “Existe a distração manual, quando uma das mãos segura o celular, mas deveria ser colocada no volante. A visual é intercalar o olhar entre a tela do celular e o trânsito. E a distração cognitiva são aqueles segundos onde a pessoa fica processando a informação, pensando na resposta a ser dada ou utilizando as mãos também para digitar”.
“A cada segundo que o condutor desvia o olhar enquanto dirige a 60 km/h, o carro percorre aproximadamente 16 metros. Isso mostra que em um curto período de distração, uma distância significativa pode ser percorrida sem atenção à estrada, aumentando consideravelmente o risco de acidentes. O motorista distraído pode ter o tempo de reação reduzido, dificultando a resposta rápida a situações emergenciais. A falta de concentração pode levar a decisões de direção inadequadas, como mudanças de faixa sem verificar pontos cegos”, acrescenta.
Sono e cansaço
Coimbra reforça que distúrbios do sono, como insônia e apneia, comprometem a capacidade de direção de várias formas. Motoristas com privação de sono têm maior probabilidade de cochilar ao volante, o que pode resultar em acidentes graves. A sonolência também reduz a capacidade de manter a atenção constante na estrada. O sono insuficiente afeta ainda a coordenação motora, essencial para controlar o veículo adequadamente”.
Ele finaliza explicando que o cansaço físico e mental também afeta negativamente uma condução segura, resultando em reflexos mais lentos. “A fadiga diminui a capacidade do motorista de tomar decisões rápidas e acertadas, essenciais em situações de risco”.
Passível de multa
A advogada especialista em direito de trânsito, Jennifer Corgosinho, lembra que manusear o telefone ao volante é a terceira maior causa de mortes no trânsito no país, perdendo apenas para o uso de álcool e o excesso de velocidade.
“Para evitar envolver-se ou causar acidentes, o condutor deve adotar uma postura atenciosa e cautelosa, eliminando qualquer dispersão ao conduzir o veículo e mantendo sempre o foco na direção, na via e em seu entorno”, aconselha.
Ela destaca que o Código de Trânsito Brasileiro prevê três infrações relacionadas ao uso do aparelho celular no trânsito. “Dirigir o veículo com apenas uma das mãos, ou utilizando fones nos ouvidos conectados a aparelhagem sonora ou de telefone celular, são consideradas infrações médias, com penalidades de quatro pontos na carteira. Conduzir um veículo segurando ou usando telefone celular é considerado infração gravíssima, com penalidade de sete pontos na carteira”, conclui.