Home > Economia > 8 em cada 10 pequenos empresários esperam crescimento nos negócios

8 em cada 10 pequenos empresários esperam crescimento nos negócios

Comércio e serviços são os principais setores das pequenas empresas – Foto: Freepik.com

 

A “Sondagem Omie das Pequenas Empresas” revelou um otimismo de empresários e gestores de pequenos empreendimentos para os próximos meses. Segundo a pesquisa, 83% deles disseram que têm uma perspectiva de crescimento do faturamento no curto prazo e apenas 1% demonstrou expectativas baixas. Ainda conforme o levantamento, 54% dos respondentes observaram avanço nas receitas do negócio no período recente, enquanto 17% sinalizaram retração.

O economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, Felipe Beraldi, explica que os pequenos negócios foram beneficiados pela retomada de renda das famílias nos últimos meses. “O mercado de trabalho se mostrou resiliente, com redução do desemprego, avanço da ocupação, crescimento do rendimento real do trabalho e também de programas de incentivo à renda do governo federal, como a ampliação do Bolsa Família e valorização do salário mínimo. Isso culminou no aumento da economia, especialmente puxado pelo consumo das famílias”.

“O efeito também foi positivo nas pequenas indústrias da normalização das cadeias globais de produção, que foi o mais duradouro da pandemia. Elas demoraram a se normalizar, o que para uma pequena empresa faz todo o sentido, porque ela fica menos exposta a custos mais elevados. Os índices de inflação estavam altos na época da pandemia e agora estão no processo de deflação”, complementa.

De acordo com o estudo, 43% dos respondentes sinalizaram que vão fazer novas contratações. Beraldi destaca que os altos custos de mão de obra é um dos desafios apontados pelos empresários. “Isso é algo que é agravado pela própria valorização real do salário mínimo, mas está também relacionado ao fato do mercado de trabalho estar aquecido, ficando mais competitivo para as pequenas empresas. Também chama atenção a falta de capital de giro e taxas de juros elevadas. O faturamento da empresa pode estar crescendo, mas o negócio está em um momento de dificuldade para realização de investimentos e manter o equilíbrio financeiro, porque os custos também estão subindo”.

Outro ponto abordado por Beraldi é que os empresários ainda estão cautelosos para novos investimentos, devido a questões macroeconômicas como a taxa básica de juros, em 10,5%, e a revisão das metas fiscais do governo federal. “Isso tem um efeito inflacionário e afeta a confiança dos empresários, porque é uma sinalização de que essas metas fiscais não vão ser alcançadas e pela fragilidade das contas públicas. Pode trazer um pessimismo generalizado para o mercado empreendedor, tanto para os pequenos quanto para os grandes empresários”.

O economista avalia que iniciativas como o programa Desenrola Pequenos Negócios, lançado no dia 13 de maio, podem trazer um alívio financeiro aos empresários. “Consequentemente, o espaço que esse empresário vai ter para investir, para crescer o pequeno negócio é muito maior se ele puder resolver os problemas da dívida dele”.

Para os próximos meses, a expectativa de Beraldi é um menor ritmo de crescimento das pequenas empresas, que avançaram 11% no acumulado dos últimos 12 meses, devido a uma taxa de desemprego baixa. “Agora é necessário incentivos para o crédito. Vai ter um papel fundamental nesses programas de renegociação de dívidas, programas de incentivo a crédito para os pequenos negócios e efetivamente a redução da Selic”, conclui.