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Comissão debate situação dos funcionários do metrô de BH

Outras denúncias também foram feitas pelo sindicato / Foto: Henrique Chendes-ALMG

 

A demissão em massa de funcionários por parte da Metrô BH, empresa que opera o sistema de transporte metroviário de Belo Horizonte, foi o assunto da audiência pública na Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Nos últimos dias, cerca de 230 empregados foram dispensados pela concessionária. Dentre eles, empregados da gestão da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e que foram contratados pela empresa, que assumiu a operação do sistema há pouco mais de um ano. Segundo o Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro), o número de colaboradores chegou a ser de 1.483. Hoje são cerca de 800.

Funcionários presentes à audiência denunciaram uma piora nas condições de trabalho e a dispensa em massa em alguns setores como o de material rodante, que antes contava com cerca de 60 funcionários atuando na manutenção dos trens. Hoje, esse número está em 12. Devido à falta de colaboradores, o trabalho noturno foi suspenso pela Metrô BH. Eles temem que a falta de pessoas realizando a manutenção e a reutilização de peças nas composições possa causar acidentes ao longo da via.

A deputada Bella Gonçalves (PSOL) criticou o valor pago pela concessão do sistema, de R$ 25,7 milhões, arrematado pelo Grupo Comporte. Ela também disse que não houve melhorias no sistema sob nova direção. “O serviço está cada vez mais caro e vive dando defeito por falta de manutenção”. A superintendente de Logística de Transportes e Gestão de Equipamentos Públicos da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), Luisa Pires Monteiro de Castro, lembrou que o Estado apenas realizou a concessão, a partir de regras estabelecidas pelo Plano Nacional de Desestatização (PND).

“É função do Governo de Minas Gerais verificar as obras, as compras e se tudo está funcionando dentro do que está estabelecido pelo contrato. Já a política de demissões por parte da empresa, não cabe ao poder concedente. A privatização é para a melhoria do serviço”.

A fala de Luisa não agradou a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT). Em sua avaliação, deu a impressão de que o trabalho realizado pela Metrô BH está sendo satisfatório para o governo, apesar das denúncias que os trabalhadores presentes fizeram ao longo da audiência pública.

Em conversa com o Edição do Brasil, a presidente do Sindimetro, Alda Lúcia Fernandes dos Santos, afirma que não existe diálogo entre a Metrô BH e o sindicato. “Geralmente, as reuniões são feitas com o advogado que é contratado da empresa para conversar com a gente”.

Chamou a atenção a ausência de representantes da Metrô BH na audiência. “Já percebo esse descaso com o trabalhador por parte da empresa há muito tempo. Ela não se preocupa em momento algum com seu funcionário e com seus direitos”, disse Alda.

Quem também comentou sobre a ausência de representantes da concessionária foi a deputada Beatriz Cerqueira. “A fala do governo do Estado é de proteção à Metrô BH, que se achou no direito de não comparecer em uma audiência no Poder Legislativo para prestar informações. Além das demissões dos trabalhadores vinculados à CBTU, a empresa demite trabalhadores que ela mesma contratou”.

“Essa falta de funcionários afeta a qualidade do serviço prestado à população, o que é uma situação muito grave. Nós vamos precisar continuar aprofundando essa discussão, visto que o governo do Estado, que tem a obrigação de fiscalizar esse contrato, também não está cumprindo a sua função”, finaliza.