Até o dia 5 de maio, o Museu Mineiro, em Belo Horizonte, vai apresentar a mostra “Jardim mineral: o avesso da terra” da artista plástica Ana Elisa Murta. A instalação inédita celebra a essência mineral de Minas Gerais e a sabedoria de um povo que retira os recursos da natureza respeitando os limites e os ciclos da própria terra.
A artista explica que o “Jardim mineral: o avesso da terra” ressignifica a extração de minério no Estado. “Pela forma como o simples e o bruto podem se transformar em arte, evidencia a identidade do povo e o que as terras de Minas têm para contar. Os pigmentos para produzir a minha própria tinta a óleo vêm de pedras minerais (mica, quartzo e hematita) da cidade do Serro, em Minas”.
“São 12 telas, sendo que algumas têm quase 10 metros de comprimento, que estão posicionadas no meio da sala. Não estamos usando molduras e muitas das obras são sustentadas pelo teto, através de ímãs. A ideia é mostrar que podemos ir além dos recursos convencionais, desde a produção das tintas até as dimensões e forma de exibição”.
Na mostra, o ambiente é dividido ao meio por duas instalações dependuradas ao centro, que foram criadas esticadas no chão, trazendo micromundos minerais em frações, e também tem as obras menores, em formato quadrado. As telas exibem cores naturais dos minérios, que não apenas retratam a beleza, mas também evidenciam as vastas possibilidades dos recursos naturais disponíveis.
A artista afirma que há minérios em quase tudo que nos cerca, desde edifícios, carros, celulares, utensílios domésticos, e também nas artes plásticas. “É um recurso que temos em abundância em Minas Gerais e, às vezes, o vemos apenas como terra. A arte que estou levando é uma experiência, no sentido que evoca novos pensamentos e relações, pois tem sentido e significado. E essa exposição inaugura uma fase da minha carreira em que trabalho somente com tintas produzidas por mim”.
Produção
A tinta utilizada é resultado de um processo metamórfico de rochas transformadas em pó, acrescido de óleo de linhaça, e foi empregada a técnica da monotipia, que é um processo gráfico simples, com pequenos galhos de vegetação. O percurso por esse jardim mineral remete às pinturas rupestres.
A arte de Ana Elisa é feita visando um consumo consciente e durável. “A extração dos pigmentos, que resultam em um produto livre de toxicidades, é feita por moradores locais, fomentando a geração de renda. Sempre tive uma preocupação com a origem e pureza das tintas e seu descarte, utilizo ainda outros elementos encontrados na natureza. Ao escolher materiais sustentáveis e adotar práticas responsáveis, busco honrar o natural e manter o ciclo da vida e da arte em equilíbrio”.
“Sinto que a mensagem que é transmitida pelas obras é limpa, pura, leve, em que pese potente e sólida. Eu já sofri na pele, literalmente, os malefícios do contato próximo com uma química pesada e tóxica, que quase me fez ter que abandonar as artes, e não quero produzir mais sujeira no mundo com meu trabalho”, complementa.
A exposição tem apoio do Ministério da Cultura, governo federal, Governo de Minas, Secretaria de Cultura de Minas Gerais e patrocínio da empresa Herculano Mineração.
A artista
Nascida em Belo Horizonte, Ana Elisa Murta é uma artista com foco no expressionismo abstrato. Desde muito nova, criava e experimentava com cores e imagens, tendo participado de inúmeras aulas de arte e mantido uma conexão duradoura com o desenho e a pintura como meios de expressar suas emoções e pensamentos mais profundos.
Somente depois de se formar em direito e construir uma carreira bem-sucedida no mundo dos negócios que finalmente pôde se dedicar à sua prática artística. Desde 2019, mantém uma agenda artística movimentada e já expôs individualmente em São Paulo, Belo Horizonte, Cascais (Portugal), Londres (Inglaterra), Montreux e Pully (Suíça).
Serviço:
Horário: terça a sexta, das 12h às 19h | sábados, domingos e feriados, das 11h às 17h
Local: Museu Mineiro
Endereço: Avenida João Pinheiro, 342 – Funcionários
Entrada franca