A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) elaborou um “Panorama da competitividade dos países do G20 Brasil 2024” que revela que o país cumpriu apenas 34% das metas de segurança pública da Organização das Nações Unidas (ONU). O estudo tem como referência metas estabelecidas pelo Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e coloca o Brasil na 25ª posição em uma lista de 27 nações, superando apenas o México e a África do Sul.
Para entender mais sobre o assunto, o Edição do Brasil conversou com o Conselheiro Municipal de Segurança Urbana e Cidadania e professor do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Wagner Batella.
O Brasil atingiu a marca de 34% na evolução das metas de segurança estipuladas pela ONU. Você considera esse índice preocupante?
Sim, porque continuamos perpetuando problemas que são históricos da estrutura e que se tornaram um pouco mais graves, quando olhamos para a condição do país no que se refere à área internacional. Vários governos passaram e ações para repressão à violência foram realizadas, mas esse cenário não muda. Parece que estamos insistindo em soluções que não estão dando resultados.
Quais fatores contribuem para que a segurança pública brasileira seja uma das mais complexas da atualidade?
A questão é complicada em função de como ela articula subtemas diversos, como o combate à desigualdade socioeconômica, melhoria dos índices educacionais, maior oportunidade para as populações que foram excluídas ao longo do processo histórico, maior investimento de todo aparato, incluindo os policiais e tecnologia, ou seja, segurança pública é complexa porque é multifacetada.
Em sua avaliação, quais ações os governantes deveriam implementar para melhorar esse quesito?
A história tem nos mostrado que as ações que estão sendo realizadas, em sua maioria voltadas para um endurecimento do enfrentamento, são ineficazes. As experiências que têm dado mais sucesso são aquelas perspectivas que tentam articular políticas multissetoriais. É o debate da segurança pública articulado com a igualdade de gênero, da moradia, da educação, da saúde, com discussões de setores diversos voltados para o enfrentamento da segurança pública.
O governo federal anunciou um investimento de R$ 18 bilhões em segurança para fortalecer o combate à corrupção, às milícias e o controle de fronteiras. Esse é o melhor caminho?
Vejo como positivo, pois não se faz política pública de enfrentamento à violência sem investimento. Sobre os eixos que receberam mais recursos, o combate à corrupção, às milícias e o controle de fronteiras reduz a criminalidade ligada ao tráfico de drogas, de armas, entre outros. Mas, é importante destacar que também demandamos investimentos específicos nas forças de segurança e na renovação dos instrumentos, como viaturas e armamento, além da qualificação desses profissionais.
Você acredita em uma melhora no índice para os próximos anos?
A temática vai dominar os debates e aparecer mais nas agendas dos candidatos. A expectativa é que reverbere em ações concretas na segurança pública, consequentemente, melhorando os indicadores de violência e diminuindo o sentimento de insegurança nas cidades.