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Pandemia piorou indicadores de atividade física e obesidade

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O estudo “Mudanças nas doenças crônicas e os fatores de risco e proteção antes e após a terceira onda da COVID-19 no Brasil”, que foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostrou que houve aumento do comportamento sedentário e inatividade física nos anos de pandemia. Também houve piora nos indicadores de excesso de peso, obesidade e diabetes.

A prática de atividade física no tempo livre diminuiu de 39%, em 2019, para 36,7% para a população total, em 2021. No sexo masculino, a queda foi de 46,7% para 43,1% e entre as mulheres houve uma redução de 32,4% para 31,3%. A inatividade física (ausência total de exercícios) aumentou na população total de 13,9% para 15,8%, entre os homens de 13,9% para 15,6%, e em relação às mulheres de 14% para 16%. O comportamento sedentário também aumentou, passando de 62,7% para 66% na população total, entre os homens de 63,9% para 66,7% e entre as mulheres de 61,7% para 65,4%.

O educador físico Leonardo Pereira diz que ser fisicamente ativo é fundamental para a saúde e o bem-estar. “A inatividade física, especialmente em pessoas mais velhas, pode levar a mudanças difíceis de reverter, por exemplo, no percentual de gordura corporal ou na sensibilidade à insulina. Exercícios são essenciais para o pleno desenvolvimento humano e devem ser praticados em todas as fases da vida”.

Ele salienta que o distanciamento desencadeou a redução das interações sociais e fez com que a população aumentasse o tempo em frente à TV, tablet, computador e celular. “Todos esses aparelhos viraram ferramentas de lazer e trabalho por conta do home office. Por isso, investimentos em educação e oferta de programas eficazes de exercícios em casa são medidas a serem adotadas para evitar que o problema continue”.

Em relação ao excesso de peso, o aumento foi de 55,4% para 57,2% em 2021/2022. Também cresceu a prevalência de obesidade, que era de 20,3%, em 2019, para 22,4%, em 2021/2022. A obesidade também aumentou nos homens, passando de 19,5% para 22%. Sobre a morbidade referida, houve avanço na prevalência autorreferida de hipertensão na população total de 24,5% para 26,3%, e entre homens de 21,2% para 25,4%. A prevalência autorreferida de diabetes aumentou de 7,5% para 9,1% para a população total, em mulheres de 7,8% para 9,6% (IC95%: 8,8; 10,5), e entre os homens de 7,1% para 8,6%.

Segundo o endocrinologista Marcos Ribeiro, a atividade física traz alguns benefícios importantes para a saúde. “Ela reduz o estresse e sintomas de ansiedade, melhora a qualidade do sono e a aprendizagem, reduz sintomas depressivos, previne e diminui a mortalidade por doenças crônicas, como pressão alta e diabetes. Se a pessoa precisa passar muito tempo sentada, seja no trabalho ou na escola, deve praticar mais atividade física para combater os efeitos prejudiciais do comportamento sedentário”.

Ribeiro explica que alguns casos de obesidade podem ser desencadeados por perversão da alimentação, compulsão alimentar baseada em problemas psicológicos e também sedentarismo. “Além da sobrecarga de peso óssea e muscular, as consequências incluem também doenças do coração, como hipertensão e AVC, diabetes tipo 2, câncer, distúrbios respiratórios, depressão e ansiedade. A prevenção começa pela alimentação saudável e atividade física”.