O país ultrapassou a marca de um milhão de brasileiros vivendo com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), conforme o Ministério da Saúde. Segundo dados do Unaids, do total de pessoas com HIV, 840 mil já foram diagnosticadas, 700 mil estão em tratamento, e 660 mil estão com carga viral indetectável.
De acordo com a edição mais recente do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids, entre 2011 e 2021, o número de diagnósticos saltou 198%, passando de 13,7 mil para 40,9 mil. Já em 2022, até junho, foram 16,7 mil registros. Por outro lado, os casos de Aids caíram 18,5% no mesmo período, passando de 43,2 mil novas notificações, em 2011, para 35,2 mil, em 2021.
O infectologista Victor Lima reforça que o HIV é o vírus com o qual a pessoa se contamina e Aids é a doença. “Esta última é o estágio mais avançado após a infecção, sendo possível conviver com o vírus por vários anos sem manifestar sintomas”.
“Ele é transmitido por meio das relações sexuais (vaginal, anal ou oral) sem o uso do preservativo com uma pessoa soropositiva. Acontece ainda pelo compartilhamento de objetos perfuro cortantes contaminados, como agulhas, alicates, entre outros. Também da mãe soropositiva, sem tratamento, para o filho durante a gestação, parto ou amamentação”, alerta.
Lima explica que o sistema imunológico já começa a ser atacado após a contaminação pelo vírus. “Na primeira fase, chamada de infecção aguda, ocorre a incubação do HIV, que é o tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença. Esse período varia de 3 a 6 semanas. Nosso organismo leva de 8 a 12 semanas para produzir anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre, mal-estar, diarreia e emagrecimento. É por isso que a maioria dos casos passa despercebida”.
Prevenção e tratamento
O profissional fala sobre as principais formas de prevenção. “Uso de preservativos nas relações sexuais, não compartilhamento de seringas e agulhas e o tratamento da mãe soropositiva durante a gravidez. Além disso, testes realizados em sangue doado também evitam a transmissão nessa situação”.
Ele diz que ainda não há cura para o HIV, mas existem muitos avanços científicos nessa área que possibilitam que a pessoa com o vírus tenha qualidade de vida. “O tratamento inclui acompanhamento periódico com profissionais de saúde e a realização de exames. Os remédios são um combinado de algumas drogas, chamados de antirretrovirais. A medicação diminui a multiplicação do vírus no corpo e recupera as defesas do organismo. É fundamental procurar um médico infectologista e seguir todas as recomendações”.
Esperança
O gerente de marketing, Pedro Castanheira, conta que contraiu a doença de um ex-namorado aos 25 anos. “Depois que já tínhamos terminado o relacionamento, ele me procurou e disse que estava infectado. Quando fiz o exame, veio o resultado positivo e foi quando achei que ia morrer. Precisei começar a fazer terapia para aceitar a situação. Fiquei fraco e perdi peso, mas com muito apoio e acompanhamento certo ao longo dos anos, hoje estou bem e indetectável”.
Para o médico, “o país enfrenta obstáculos que impedem que pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade tenham pleno acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV que salvam vidas. O que deve ser feito é respeitar a ciência, dados e evidências; enfrentar essas desigualdades que impedem o progresso na resposta ao HIV; fortalecer as comunidades e as organizações da sociedade civil em seu papel vital na resposta; e garantir financiamento suficiente e sustentável”.