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Governo quer conter o aumento no preço das passagens aéreas

Viajar de avião ficou 23,75% mais caro em outubro / Foto: BH Airport

 

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, se reuniu com representantes das companhias aéreas para encontrar medidas para reduzir o preço das passagens. Foi dado um prazo para que as empresas apresentem um plano ao governo federal para tentar conter o aumento desses valores.

De acordo com a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as passagens aéreas, que já tinham ficado 13,47% mais caras em setembro, subiram 23,75% em outubro. Segundo Filho, a Petrobras reduziu o preço do combustível em 14% em 2023. Porém, as companhias aéreas alegam que a maior parte dos custos, cerca de 40%, se deve ao querosene de aviação.

A economista Tânia Cristina Teixeira explica que o setor aéreo sofre em parte com os efeitos da pandemia. “No entanto, a alta de preços foi responsável pela diminuição do uso dos serviços. A classe média tem relutado em gastar mais, em função do pós-pandemia e da queda do poder de compra dos salários que não foram corrigidos de acordo com a inflação vigente nos períodos pandêmicos”.

Ela relata ainda que o turismo sofreu forte impacto no período pandêmico e vem retornando aos poucos. “Muitas pessoas ainda estão pagando dívidas decorrentes da crise sanitária. O governo criou um programa para promover a negociação dos débitos e foi uma iniciativa interessante. No entanto, o que garante a elevação destes serviços é o aumento da renda real das famílias. Viajar no Brasil não é barato e o incentivo ao turismo pode ser uma saída considerável”.

 

Turismo ganha força

Conforme a análise da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o setor apresentou aumento de 1,5% nas receitas em setembro, após uma queda de 0,4%. Atividades características do turismo exibem uma variação positiva de 7,9% nos nove primeiros meses de 2023, situando-se 6,1% acima dos níveis pré-pandemia.

Tânia pontua que este crescimento pode ser explicado em função dos investimentos em viagens. “Outro fator a ser mencionado, se refere ao aumento do mercado do turismo corporativo, como feiras e eventos”.

“A categoria de transporte de passageiros também teve uma elevação que correspondeu a 1,8%, de janeiro a setembro. Minas Gerais obteve um aumento equivalente a 17,5%, sendo que o país apresentou, no mesmo período, 7,9%. Em relação aos dados gerais do setor de turismo, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), podemos observar que a projeção de crescimento, em 2023, pode alcançar 11,5%”, complementa a economista.

Ainda segundo o estudo, de forma heterogênea no plano regional, a demanda por transporte aéreo se aproxima dos níveis de 2019. Considerando-se os voos domésticos realizados nos 20 maiores aeroportos do Brasil, responsáveis por 87% do fluxo de passageiros do país, em setembro deste ano, o tráfego de usuários se encontrava 3% acima do observado em relação ao fluxo médio mensal de 2019.

Destacam-se positivamente, nesse contexto, os aeroportos Santos Dumont no Rio de Janeiro (51%), de Campinas (29%) e de Goiânia (22%). Por outro lado, no aeroporto do Galeão, também no Rio, atualmente o 10º aeródromo do país, o número de passageiros corresponde a menos da metade do fluxo médio de 2019.

Em Confins, o aeroporto internacional de Belo Horizonte, a concessionária que administra o espaço estimou que cerca de 940 mil passageiros passaram pelo local ao longo de outubro, um crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período de 2022.

A economista afirma que algumas iniciativas estão fomentando a atividade. “Como a idealização de um programa denominado ‘Conheça o Brasil: Voando’. A criação de 84 rotas aéreas e de atendimento a 43 destinos em âmbito das 17 unidades da federação, segundo dados do Ministério do Turismo, podem estimular o setor de forma significativa”.

“Outra medida se refere ao acesso ao crédito a correntistas de instituições financeiras com a finalidade de estimular o produto turístico. Neste sentido, caso não ocorra nenhuma externalidade negativa, o setor tem grande probabilidade de voltar a crescer em Minas e no Brasil”, conclui.