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Negócios liderados por mulheres caem 3,8% em um ano no Brasil

Foto: Freepik.com

 

De acordo com levantamento feito pelo Sebrae Minas, atualmente, o Brasil tem 9,3 milhões de microempreendedoras individuais (MEIs), o que corresponde a 34% do total. Em Minas Gerais, 46% dos MEIs são mulheres. O estudo mais recente realizado pela Unidade de Inteligência Estratégica (Uine) do Sebrae Minas aponta aumento do número de mulheres empreendedoras em 2020, quando a pandemia de COVID-19 chegou ao Brasil. Nos anos seguintes, os dados se mantiveram estáveis, mas no início de 2023 foi registrada uma ligeira queda. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o número de mulheres que estão à frente do próprio negócio neste ano caiu 3,8% quando comparado aos meses de junho a setembro do ano passado.

“O isolamento social causado pela pandemia levou muitas mulheres a empreenderem por necessidade, seja para complementar a renda da família ou alcançar a independência financeira. Já a queda no índice de negócios abertos por mulheres observada neste ano pode ser atribuída à dupla jornada vivida por grande parte delas. O trabalho fora de casa, somado às responsabilidades do lar e os cuidados com filhos e pessoas idosas, impede que essas empreendedoras se consolidem e permaneçam no mercado”, explica o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva.

Segundo a pesquisa “Mulheres Empreendedoras”, além da sobrecarga causada pela dupla jornada, outro fator que dificulta o sucesso dos negócios geridos por mulheres é a falta de planejamento por parte delas: 6 em cada 10 não realizaram algum estudo ou plano antes da abertura da empresa. Além disso, 57% das novas empreendedoras afirmam que têm baixo ou nenhum conhecimento sobre gestão de empresas, 35% alegam ter dificuldade de conciliar a vida empreendedora com a vida pessoal, enquanto 28% não conseguem ter acesso a empréstimos bancários.

O estudo também levantou as motivações que levam uma pessoa a abrir um negócio no estado. Entre as mulheres, as principais razões apontadas foram: ser dona do próprio negócio e ter autonomia e flexibilidade (63%), necessidade financeira (45%) e vocação e desejo de empreender (42%). Já entre os homens, as razões mais citadas foram: ser dono do próprio negócio para obter autonomia e flexibilidade (52%), vocação e desejo de empreender (49%) e experiência na área em que abriu a empresa (39%). Ainda segundo a sondagem, 28% das empreendedoras têm outra ocupação como principal fonte de renda, enquanto entre os homens o percentual foi de 18%.

A economista Marcela Andrade diz que as mulheres veem no empreendedorismo uma oportunidade de transformação, independência financeira e realização pessoal. “Diante de um mercado de trabalho com poucas oportunidades de ascensão e salários mais baixos para elas, ser empreendedora se torna uma alternativa interessante. Além da geração de renda, as mulheres são responsáveis pela maior parte do trabalho doméstico e de cuidados, ter um negócio próprio é uma saída para conseguirem conciliar o trabalho e a família”.

Ela afirma que o empreendedorismo feminino é extremamente relevante. “Uma mulher que empreende torna-se uma inspiração para outras seguirem os mesmos passos. Outro forte impacto proporcionado pelo empreendedorismo feminino é que a renda gerada pela mulher não é investida apenas em benefício próprio, elas revertem muito mais na família e na comunidade, gerando a sua volta um ciclo de prosperidade. Elas tendem a investir mais na educação dos filhos e na assistência aos parentes, criando uma rede de apoio fortalecida e com melhores possibilidades financeiras. Elas também empregam mais mulheres, preferindo contratar mão de obra feminina para os seus negócios”.

Na opinião de Marcela, o apoio de empresas e entidades ao empreendedorismo feminino é uma das mais importantes ferramentas de transformação. “A equidade no mercado de trabalho ainda é um desafio no país, sendo crucial que haja iniciativas de mudança na cultura do ambiente corporativo. É importante as mulheres investirem em capacitação, tanto técnica em gestão e empreendedorismo quanto socioemocional. Outra dica é reforçar seu networking, sua rede de contatos e suas conexões de negócios com outras mulheres”.