Quando era ministro do Turismo, o mineiro Walfrido dos Mares Guia incentivou a criação e o incremento da Estrada Real em Minas. À época, inclusive, foi instituído no âmbito da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) o Instituto Estrada Real. No entanto, com a saída de Mares Guia da pasta, o projeto foi definhando a ponto de se tornar invisível aos olhos de quem acreditou que essa seria a chance de tornar a Via uma rota de turismo permanente.
O tema relacionado ao antigo Caminho do período Brasil Colônia, agora volta ao noticiário, diante do reconhecimento da Estrada Real como monumento nacional. Os setores envolvidos no projeto, como a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e outros mais, estão radiantes com essa notícia. Resta saber quem vai gerenciar o novo projeto de revitalização da Estrada Real.
A experiência de dez anos passados comprova que deixar tudo por conta da iniciativa privada, com o fito de atrair investimentos de comerciantes/ empresários, especialmente mediante a instalação de hotéis, restaurantes, pousadas e outros atrativos nos diferentes municípios não funcionou. Para que tudo funcione com eficiência, se faz necessária a presença do poder público, reconstruindo estradas, ampliando a rede de comunicação e facilitando que a realidade sobre o tema seja restabelecida.
O percurso do circuito tem 1.630 quilômetros, compreendido entre os caminhos Velho e Novo, perpassa por 199 municípios, distritos e povoados, sendo 169 somente em Minas, ficando os demais nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente. No trajeto mineiro tem monumentos conhecidos, como o acervo arquitetônico e artístico do centro histórico de Ouro Preto, o centro histórico de Diamantina e o Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas.
É a partir dos holofotes, agora direcionados para esse novo monumento que renasce à espera dos seus gestores, assim como ações de incremento ao empreendedorismo, que o turismo na Via pode ser alavancado. A tese é muito oportuna, mas é sempre bom reafirmar que o poder público terá de investir pesado em infraestrutura, caso contrário, tudo não irá passar de um sonho.