Belo Horizonte vai receber dois espetáculos inéditos mineiros, promovidos pelo incentivo à criação teatral e pelo estímulo ao intercâmbio de conhecimento entre artistas de diferentes segmentos e formações. Por meio do Edital Novas Dramaturgias em Cena, iniciativa promovida pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) com o objetivo de fomentar a cena teatral da cidade, dois teatros públicos registrados como patrimônio imaterial de BH serão palco para as novas criações. Nesta edição, cada proposta selecionada contou com o aporte de R$ 70 mil para a produção do espetáculo, valor 40% maior em relação à edição de 2022.
O Teatro Francisco Nunes recebe, de 16 até 26 de novembro (de quinta-feira a domingo), o espetáculo “Filhas da Terra”, do Grupo Morro Encena, selecionado na categoria Teatro Adulto. Já o Teatro Marília recebe “Desimportâncias”, da Insensata Cia de Teatro, de 25 de novembro até 3 de dezembro (apenas sábados e domingos), selecionado para a categoria Teatro para Infâncias. Os ingressos variam entre R$ 7,50 (meia) e R$ 15 (inteira) e podem ser adquiridos no site Sympla ou na bilheteria do teatro 2 horas antes das apresentações.
Para Eliane Parreiras, secretária de Cultura de Belo Horizonte, é um orgulho grandioso ver a cidade se fortalecer como polo vibrante de criação teatral. “O Edital Novas Dramaturgias em Cena tem sido um catalisador para artistas locais, permitindo que suas visões únicas ganhem vida nos palcos da nossa cidade. Com o aumento significativo do financiamento este ano, estamos demonstrando nosso compromisso em apoiar e valorizar a arte teatral em Belo Horizonte”, destaca.
Segundo Luciana Féres, presidente da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, através do incentivo à criação teatral e do intercâmbio de conhecimento, estamos construindo uma cidade mais rica culturalmente. “Os teatros públicos, que são patrimônio de BH, serão os palcos perfeitos para as novas criações. Estreando espetáculos mineiros para adultos e crianças, demonstramos o compromisso da Prefeitura em promover a arte e a cultura teatral para todos”.
O espetáculo “Filhas da Terra” tem como propósito refletir sobre mulheres que vivem ou viveram em situação de miserabilidade, além de provocar reflexões sobre a lutas por direitos humanos e políticos no país. Pensando na valorização das vidas de pessoas em situação de rua, principalmente mulheres negras, o espetáculo traz, de forma lúdica, um misto de sentimentos sobre vida de pessoas invisíveis e sobre as marcas deixadas pelo período da ditadura militar no Brasil.
Já a peça “Desimportâncias” corrobora para uma visão psicanalítica da permanência da infância no sujeito, que abre a possibilidade de pluralização da ideia de infâncias para além do tempo cronológico de ser criança, levando a uma criação voltada para o público de todas as idades. A peça conta com folhas, gravetos, terra, pedrinhas, flores, argila e outros elementos naturais que serão combinados às provocações necessárias à criação de uma atmosfera relacional onde o artista surge como um provocador de um ambiente que visa abrir espaços para a escuta do público e a convivência entre as pessoas presentes no acontecimento teatral.
O professor de teatro Luciano Castro afirma que o compromisso dos governos com a salvaguarda do teatro é de extrema importância, pois é um patrimônio imaterial de Belo Horizonte. “Ele nos conecta às nossas raízes históricas, trazendo à vida histórias, mitos e lendas. Ao assistir a uma peça de teatro, somos transportados para universos diferentes, nos permitindo vivenciar experiências emocionais profundas e catárticas. Estimula a imaginação, a criatividade e a expressão individual, além de abordar questões sociais e políticas, provocando discussões e reflexões críticas sobre a sociedade em que vivemos. Por isso, essas iniciativas são necessárias para a sobrevivência da arte”.