Com o objetivo de valorizar a arte urbana, o museu Inimá de Paula recebe a exposição Arte e Favela – Memórias Urbanas. A exibição, apresenta 35 telas feitas por sete artistas convidados pelo projeto de mesmo nome. São eles: Ataide Miranda, ED-Mun, Gud Assis, John Viana, Nilo Zack e Scalabrini Kaos e Hely Costa, que também é coordenador da iniciativa.
Em conversa com o Edição do Brasil, Costa conta sobre a exposição. “A ideia é levar um pouco do trabalho realizado na rua para dentro de um museu. A chamada street art tem ganhado espaço na sociedade. Muitas pessoas que passam pelas artes na rua se identificam, porque é algo que mostra o dia a dia”.
O artista explica que as obras trabalham o grafite. “É algo contemporâneo e que tem valor. No mundo todo esse tipo de arte vem crescendo. Na mídia, podemos observar que existe um entendimento melhor das pessoas sobre ele. E, hoje, não dá para fugir mais: está em todos os lugares urbanos”.
Para Costa, a mostra ser exibida em um museu é de extrema importância. “Uma das coisas mais legais é que o museu vende as peças. Então, além das pessoas poderem levar essa arte para casa, gera ainda um rendimento bacana para o artistas”.
Assim como o nome diz a exposição ajuda a manter o grafite na memória dos visitantes. “A pessoa leva a história até porque o grafite não fica sempre no mesmo lugar. Às vezes, pintam o muro ou tem alguma construção e ele é tirado”.
O coordenador acredita que o fácil acesso ao local pode ajudar a atrair o público. “O museu fica no Centro de BH. A entrada é gratuita e qualquer um pode ir visitar, então, apesar de ser um espaço fechado, acaba sendo democrático. A arte está ali para todos”.
O projeto
Os artistas das obras expostas no Inimá, têm, além do grafite, mais uma coisa em comum: todos eles já contribuíram de alguma forma para o projeto Arte e Favela. “O programa nasceu em 2003, na região Nordeste de Belo Horizonte, no bairro Goiânia. A primeira proposta foi fazer algo para a juventude local que tivesse a ver com arte e cultura”.
Ele recorda que a proposta foi se expandindo para outras comunidades e que para dar continuidade a esse crescimento, eles começaram a buscar jovens com perfil de líder. “Fomos para vários lugares como as favelas da Serra e do Alto Vera Cruz. Hoje, fazemos alguns trabalhos com oficinas e palestras para encontrar pessoas que pode dar sucessão a esse projeto nos locais onde moram”.
Costa elucida que a arte é usada como ponte para alcançar os jovens. “O grafite e a cultura hip hop em geral já é uma identidade da cultura periférica, com isso, a gente se aproxima deles e acaba falando de outras coisas. Assuntos da comunidade, ajuda para ingressar ao mercado de trabalho, empoderamento para que eles saibam que são importantes também etc”.
Por fim, o grafite e a arte são ensinados em oficinas e expostos em áreas urbanas. “Temos o Arte e Favela nos becos, que é uma exposição que acontecem nas vielas das favelas. Inclusive, já fizemos grafites em centros culturais e em regiões movimentadas como viadutos”.
O museu Inimá de Pula fica na Rua da Bahia, 1201 – Centro, Belo Horizonte.