Nos dias 5 e 12 de novembro acontecerá a aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A avaliação é uma das principais formas de ingresso no ensino superior brasileiro, por isso, à medida que se aproxima, é natural que o nervosismo e a ansiedade se intensifiquem. Mas esses sentimentos podem prejudicar até mesmo os candidatos mais bem preparados.
A ansiedade é uma resposta orgânica do corpo em situações desconhecidas, um sentimento de antecipar acontecimentos futuros. Porém, quando acompanhada do medo, a ansiedade pode ser responsável pela sensação de paralisação diante do desafio. A psicóloga Lara Fagundes diz que a competitividade incessante pode levar ao esgotamento e à exaustão, prejudicando a saúde mental em longo prazo. “Priorizar a saúde mental em tempos de Enem não implica negligenciar os objetivos educacionais. Pelo contrário, se bem cuidada, aumentamos nossa resiliência, foco e capacidade de enfrentar desafios de maneira construtiva”.
Para ela, é importante separar um período para o descanso físico e relaxamento, organizando horários para estudo e revisão de conteúdos, mas também para interação social, lazer e autocuidado. “Pessoas que mantém a prática de uma atividade de lazer na rotina apresentam menos chances de desenvolver problemas de saúde mental. É essencial que o aluno não fique apenas focado nos estudos, principalmente perto da prova. Também é fundamental manter uma boa alimentação e qualidade do sono, uma vez que esses fatores interferem na disposição”.
Lara sugere ser compassivo consigo mesmo e com o processo. “A poucos dias do exame, reserve um tempo para organizar seus pensamentos, revisitar os tópicos estudados e realizar a prova com confiança. Se, ainda assim, a preocupação dominar, procure alguma distração, como assistir um filme ou sair para conversar com os amigos sobre assuntos que não estejam relacionados à prova. O estudo deve ser feito durante todo o ano letivo, correr atrás do prejuízo na semana da prova só vai gerar estresse”.
A psicóloga deixa claro que o suporte emocional da família, amigos e escola pode ser decisivo para quem está enfrentando a maratona de aprovação em uma seleção, especialmente durante a adolescência. “O jovem está caminhando para uma fase da vida em que suas escolhas terão mais impacto e precisará ter autonomia. E mudanças radicais dessa magnitude podem causar muito medo e estranheza, por isso, precisa de todo o apoio possível para aprimorar o autoconhecimento e pensar no seu projeto de vida e nos caminhos que quer seguir. Também entender que erros podem ser cometidos e está tudo bem voltar atrás e tentar de novo”.
O estudante João Magalhães está tentando o Enem pelo segundo ano consecutivo. “O mês do exame é tenso, a gente fica muito ansioso e preocupado se realmente estudamos tudo e pensamos em mil cenários diferentes. Porém, me dediquei mais esse ano e criei uma rotina de estudos. Me sinto mais preparado e também menos nervoso. Meus pais e irmão me dão muito apoio e palavras de afirmação quando percebem que estou aflito, o que tem sido muito importante”.
Ele conta que a terapia e esportes o ajudaram no processo. “As sessões me ajudam bastante a me manter calmo e entender que não é o fim do mundo caso não consiga aprovação. Praticar vôlei toda semana também me beneficia muito, além de me entreter, vejo colegas e posso ter mais socialização nos dias de semana. Me sinto melhor preparado e estou muito otimista para a prova”.