Se tem uma coisa que saiu completamente de moda são os maus-tratos aos animais. Há alguns dias, a design de moda e vice-presidente da marca italiana Versace, Donatella Versace, decretou o fim de uma era de crueldade: “Pele animal? Estou fora disso. Eu não quero matar animais para produzir moda. Isso não é certo”, disse em entrevista.
Assim como Donatella, nos últimos meses, grifes como Gucci, Tom Ford, Givenchy e Michael Kors também declararam não usar mais pele reais em suas peças. A presidente do Projeto Esperança Animal (Pea), Gabriela Toledo, aponta que é importante que grandes nomes do segmento tomem esta atitude. “Eles mostram que dá para fazer produções sem o sofrimento animal e que as pessoas podem ser chiques sem vestir um cadáver”.
Ela acrescenta que as empresas têm se preocupado cada vez mais com isso. “É algo que diz muito sobre a imagem da marca, tendo em vista que as pessoas não estão mais aceitando produtos feitos com pele de animal. Há grupos que promovem o boicote uma vez que ninguém quer vincular sua grife a algo que provoque dor e sofrimento”.
Gabriela elucida que, por isso, está crescendo o número de empresas que produzem esse tipo de material e, também, que fazem teste nos animais. “O ideal é que, se a empresa não for complacente com a causa, o consumidor deixe de comprar e faça com que a marca saiba o motivo da desistência. Depende de nós buscarmos saber sobre o produto que vamos adquirir. Hoje existem várias marcas que se preocupam com isso”.
É o caso da King 55, marca para homens e mulheres que inclui roupas, calçados e acessórios. Comandada pelo estilista Amauri Caliman, a marca produz uma moda completamente vegana, ou seja, livre de todo e qualquer material de origem animal. “A gente usa matéria-prima natural, algodão, fibra de bambu, viscose e alguns sintéticos como o poliéster”.
Caliman conta que criou a marca há 17 anos, quando poucas pessoas sabiam o que era o veganismo. “O grande desafio foi conseguir achar matéria-prima. Para roupa é até mais fácil, mas para acessório e sapato foi delicado, principalmente que tenha boa resistência. Mas, hoje, estão aparecendo novas ideias para que a gente teste e chegue a produtos bacanas”.
Ele esclarece que sempre existiu um preconceito em relação a materiais sintéticos, porque é tido como algo barato e inferior. “Isso não existe, a gente tenta, dentro dessa realidade, encontrar materiais nobres, que tenham resistência, aspecto e durabilidade. A beleza da peça está nos olhos de quem vê. Além de tudo, temos que pensar que é uma causa muito bacana. É importante que toda marca ou empresa, de qualquer segmento, tomem atitudes positivas em relação a não usar coisas de origem animal. As pessoas vão descobrindo que o belo é, na verdade, usar coisas que não tem como procedência a crueldade”, conclui.
[box title=”Não é crime: ” align=”center”]De acordo com o Pea, usar pele de animal não é um crime no país. É ilegal os maus-tratos do ser na hora do procedimento, uma vez que, para que ela seja retirada intacta, eles precisam ser esfolados vivos e conscientes.[/box]
[table “” not found /]