O número de inadimplentes no país teve uma pequena queda em setembro, atingindo 66,56 milhões de brasileiros, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O indicador é 0,39% menor que em agosto, quando 66,8 milhões de pessoas estavam devendo pelo menos uma conta.
Para o presidente da CNDL, José César da Costa, o atual cenário econômico do Brasil contribuiu para essa redução em relação a agosto. “Alguns fatores, como a queda na informalidade do mercado de trabalho, a diminuição dos preços da cesta básica, a melhora nas taxas de desemprego e na renda da população, apontam para um cenário positivo na inadimplência e no endividamento das famílias nos próximos meses. Apesar disso, a taxa básica de juros ainda é alta no país, sendo possível haver oscilações na inadimplência dos consumidores”.
Em média, cada negativado devia R$ 4.256,61 na soma de todas as dívidas em setembro. Além disso, cada inadimplente deve, em média, para 2,09 empresas credoras, considerando todas essas dívidas. Os dados ainda mostram que cerca de três em cada dez consumidores (30,81%) tinham dívidas no valor de até R$ 500, percentual que chega a 44,78% quando se fala de dívidas de até R$ 1 mil.
O número de devedores com participação mais expressiva em setembro está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,76%). São 16,52 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa, ou seja, quase metade (48,47%) dos brasileiros desse grupo etário estão negativados. A participação dos devedores por sexo segue bem distribuída, sendo 51,11% mulheres e 48,89% homens.
O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, reforça que apesar da queda de negativados no mês, o número ainda é elevado. “É sempre positivo para o país a queda na inadimplência, mas o consumidor ainda precisa ficar atento, já que o endividamento se mantém em patamares elevados há anos, especialmente quando se trata das dívidas com os bancos”.
Dívidas por setor
A evolução do número de dívidas por setor credor, em setembro, destacou a evolução das pendências com água e luz, acréscimo de 25,18%, seguido de bancos (17,18%). Em outra direção, as dívidas com o setor credor de comunicação (13,35%) e comércio (0,08%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso.
Já em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de bancos, com 63,61% do total. Na sequência, aparece água e luz (11,67%), comércio (11,40%) e outros (6,84%) do total de dívidas.
A especialista em finanças da CNDL, Merula Borges, alerta que o final do ano é um momento de injeção de dinheiro na economia por conta do 13º salário e da abertura de vagas temporárias. “É uma boa oportunidade de quitar dívidas. A recomendação é que as pessoas se organizem e busquem boas negociações usando, inclusive, o programa Desenrola Brasil. A prioridade deve ser o pagamento de dívidas antes de fazer novos gastos com a chegada das festas de final de ano”.
O indicador anual mostrou que, em setembro, as inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 1 a 3 anos foi a que mais cresceu, com 26,70%. Na sequência, 4 a 5 anos (19,03%), 91 dias a 1 ano, (18,91%), 3 a 4 anos (13,97%) e até 90 dias (9,07%).