O árbitro assistente de vídeo (VAR) é uma importante ferramenta para auxiliar os árbitros de campo em decisões protocolares. Imagine se nossas competições nacionais e internacionais não contassem com o auxílio do VAR? Os árbitros ficariam entregues à própria sorte. Afinal, um erro crucial em uma partida de grande apelo gera muita repercussão, críticas e até punições aos profissionais da arbitragem.
O grande problema é quando as críticas extrapolam os limites do razoável e vão muito além das quatro linhas. Lamentavelmente, essa prática tem sido recorrente. Ou seja, alguém precisa pagar a conta. E boa parte da imprensa esportiva e dos dirigentes de clubes – com todo respeito que merecem – abusam do direito de criticar os árbitros. Quase sempre, opiniões carregadas de parcialidade, intolerância e desrespeito aos árbitros.
Os árbitros erram, isto é fato. Afinal, mesmo com o advento do VAR, a maioria deles não é profissional na sua essência. Não conseguem se dedicar exclusivamente ao importante ofício que desempenham. Passam o dia, por exemplo, ao volante, fazendo entregas, vendas, no consultório, dando aula, no serviço público, ou seja, uma infinita gama de atividades.
Embora a presença de um árbitro seja não apenas necessária como imprescindível à realização de uma partida de futebol, a sua função não vem ao longo dos tempos recebendo a devida valorização e reconhecimento.
O árbitro, quase sempre, é esquecido, injustamente, durante a alegria de uma conquista, sendo relegado ao segundo plano, ignorado na dedicação e eficiência de seu trabalho. Contudo, na derrota é ultrajado impiedosamente, não sendo poupado de injúrias, calúnias e difamações.
Sobre este aspecto, quando tal comportamento extrapola a tênue linha da boa convivência e atinge o árbitro (cidadão como qualquer outro) em sua honra e intimidade, devemos tratar o fato com a devida responsabilidade e importância.
Tem-se tornado cada vez mais frequente o número de demandas judiciais em que árbitros de futebol, no exercício de sua função, procuram o Poder Judiciário pleiteando indenizações por dano moral e material. Dirigentes, jogadores, treinadores, torcedores, políticos e até a própria imprensa têm figurado como réus nestas demandas.
A imprensa possui importante papel como órgão formador da consciência e opinião na sociedade, expositora de valores culturais e sociais, estimulando produções artísticas, literárias e econômicas, difundindo ideias e notícias e até mesmo denunciando e motivando mudanças políticas alimentadas pela sua atuação na mídia.
Não há dúvidas de que a imprensa precisa ser forte, independente, imparcial, e, principalmente, livre, para que cumpra a sua missão de informar, sendo um direito previsto na Constituição Federal e de relevante valor social, ainda mais para um Estado Democrático e pluralista. Contudo, essa liberdade não pode ferir os direitos intrínsecos da personalidade dos indivíduos, os quais são constitucionalmente previstos.
Infelizmente, alguns veículos de comunicação, dirigentes de futebol e por vezes até políticos não se restringem a criticar a atuação dos árbitros no desempenho de sua função. Ao contrário, vão muito além da simples análise técnica de sua performance no campo de jogo.
Dizer que um árbitro de futebol é ladrão e acusá-lo de desonesto, venal e mal-intencionado sem qualquer prova que o valha, é no mínimo injusto e irresponsável. O fato de os árbitros cometerem erros durante uma partida não dá direito a qualquer pessoa de difamar sua imagem, com acusações levianas e sem comprovação. Críticas aos árbitros são comuns no âmbito do futebol, contudo, devem ser ditas com prudência, civilidade e, sobretudo, analisando o aspecto técnico de sua atuação.
Todo cidadão merece respeito. E com os árbitros não é diferente. Afinal, exercem função relevante no futebol. São autoridades em campo e não restam dúvidas de que se esforçam para cumprir com lisura e dedicação a sua nobre função. E a frase secular vale para todos: “errar é humano”.